Crime ambiental

Polícia italiana apreende 235 roedores que seriam comidos pela máfia

Protegidos por lei, os roedores são venerados por grupos criminosos tradicionais e são peça importante em momentos de pacificação entre os clãs ou de decisões sobre pena de morte

Uma operação que buscava combater o tráfico de drogas acabou desembocando em um crime ambiental na região da Calábria, Itália. Segundo o jornal Corrierre de La Serra, policiais apreenderam 235 arganazes congelados que serviriam de comida para grupos de mafiosos locais. Esse roedor, parente do rato-silvestre brasileiro ou tuco-tuco, está ameaçado de extinção e é protegido por lei na Itália.

Apesar disso, os grupos de criminosos seguem caçando ou criando animais da espécie para o abate. É que os arganazes são considerados fundamentais para os famosos “tavolates”, jantares suntuosos em que se discutem temas importantes ou que marcam a pacificação entre grupos mafiosos. “Não há almoço ou encontro de pacificadores onde não se jante esses roedores”, diz o jornal italiano.

O costume é que, segundo comentam os moradores da região, os chefes da máfia tomem decisões em frente a um prato de arganazes assados. Nos encontros, para decidir a aplicação de uma pena de morte, por exemplo, o ocupante do mais alto cargo no grupo, que também se senta à ponta da mesa, come a cabeça de um dos roedores e indica o nome do condenado.

A publicação diz também que o crime não é novidade para a polícia local. Em muitas investigações, os policiais interceptam, através de escutas, conversas entre os criminosos que falam não apenas sobre tráfico e outras contravenções, mas também sobre como caçar os ratinhos, que se parecem com pequenos esquilos pretos.

Outra regra é infringida ao pegar os arganazes. Eles são animais de hábitos noturnos, mas qualquer tipo de caça durante a noite é proibida na Itália. Isso fez com que as reclamações aumentassem na região da Calábria, já que centenas de caçadores vasculham a região para colocar armadilhas nas árvores. O número sobe principalmente no inverno, quando os roedores estão mais letárgicos pela hibernação.

Além dos 235 animais mortos, “muitos outros” foram encontrados vivos durante a operação que ocorreu no sábado (18/10). Três pessoas foram presas por caçar e capturar animais protegidos legalmente.

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