Em eleições com alto índice de abstenção, o chavismo conquistou a prefeitura de Caracas e 20 dos 23 governos estaduais da Venezuela, num resultado celebrado pelo governo de Nicolás Maduro e criticado por Washington. "Não refletem a vontade do povo venezuelano", denunciou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Enfraquecida e fragmentada no retorno de seus principais partidos à disputa eleitoral, a oposição venceu apenas em três estados, incluindo Zulia, o mais populoso do país. Os adversários políticos de Maduro foram derrotados em uma região crucial que governavan: Táchira, na fronteira com a Colômbia.
Apesar desse cenário, o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, considerou que "seria injusto" rotular de "fracasso" a derrota da oposição nas eleições regionais. Reconhecido por 50 países como presidente interino do país, Guaidó, que se absteve de votar, chamou o processo eleitoral de "absolutamente falho e claramente desigual", a despeito da presença de observadores internacionais após anos de ausência, uma das condições mais exigidas pela oposição.
"Esse resultado é lamentável para a oposição, pois foi definido fundamentalmente devido à abstenção e divisão", afirmou, por sua vez, o analista Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, em referência às dificuldades dos rivais de Maduro para estabelecer candidaturas unificadas.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Pedro Calzadilla, anunciou uma taxa de participação de 41,8%, com o comparecimento de 8,1 milhões dos 21 milhões de votantes que estavam registrados para comparecer às urnas.
Além de Caracas, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) saiu vencedor nos seguintes estados: Amazonas, Anzoátegui, Apure, Aragua, Barinas, Bolívar, Carabobo, Delta Amacuro, Falcón, Guárico, Lara, La Guaira, Mérida, Miranda, Monagas, Portuguesa, Sucre, Táchira, Trujillo e Yaracuy.
"Bom triunfo, boa vitória, boa colheita produto do trabalho, um trabalho perseverante", celebrou Maduro. As eleições regionais eram consideradas um novo ponto de partida tanto para o herdeiro de Hugo Chávez, que busca o fim das sanções internacionais, como para a oposição, que retornou ao processo eleitoral com o olhar voltado para uma eleição presidencial "transparente" em 2024.
Para a Casa Branca, prevaleceu o rolo compressor do Palácio de Miraflores. "As detenções arbitrárias e o assédio de atores políticos e da sociedade civil, a criminalização das atividades dos partidos da oposição, a proibição de candidatos em todo o espectro político, a manipulação das listas de eleitores, a censura persistente dos meios de comunicação e outras táticas autoritárias sufocaram praticamente o pluralismo político e garantiram que as eleições não refletissem a vontade do povo venezuelano", enfatizou Antony Blinken em um comunicado.
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