Aos 62 anos, a administradora de empresas Xiomara Castro de Zelaya estava, ontem à noite, prestes a se tornar a primeira mulher eleita presidente de Honduras. Até o fechamento desta edição, com 52,57% das urnas apuradas, a candidata do Partido Libertad y Refundación (de esquerda) liderava com 53,41% dos votos, seguida por Nasry Juan Asfura, do governista Partido Nacional de Honduras, que aparecia com 34,08%.
Há 12 anos no poder, o Partido Nacional de Honduras reconheceu, na tarde de ontem, a vitória de Xiomara, casada com o ex-presidente Manuel Zelaya desde 1976. "Hoje, podem ver o clima de paz e tranquilidade que há no país, embora o Partido Nacional não tenha sido eleito ao comando do governo", disse o secretário do Comitê Central desta legenda, Kilvett Bertrand, à Radio América. "Desejamos o máximo de sucesso aos que venceram as eleições", acrescentou. A expectativa é de que Asfura admita a vitória da rival nas próximas horas.
Em entrevista exclusiva ao Correio, por telefone, Xiomara falou sobre os desafios de governar uma nação de 9,3 milhões de habitantes, imersa em uma "dívida enorme" e afetada pela privatização imposta pelo modelo neoliberal. "Esse triunfo abre as portas para que respondamos às demandas históricas dos hondurenhos nesses últimos anos", afirmou.
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A senhora está prestes a ser reconhecida a primeira mulher a ocupar a Presidência de Honduras. Qual é o simbolismo disso?
Caberá a mim administrar um país em crise, como o deixaram nestes últimos 12 anos. Com uma dívida enorme e, especialmente, com uma dívida social. Não deram respostas ao povo hondurenho. Implementaram um modelo neoliberal, com o qual privatizaram tudo. Hoje, as mulheres e os jovens exigem que se solucione os problemas enfrentados por nossa população. Em 28 de novembro, o povo tomou a decisão de respaldar a proposta que apresentamos para resolver os problemas de nosso país. Honduras precisa do coração de uma mulher para governar. Necessita do coração de uma mulher que entenda as necessidades de um povo, mas que também assuma o governo, com responsabilidade e com compromisso, para dar respostas imediatas.
Quais as principais urgências de seu país?
A primeira ação que deveremos tomar será a construção de um governo de reconciliação. Necessitamos da união de todos os hondurenhos e hondurenhas. Um governo de integração nacional, onde todos os setores sejam parte do processo de refundação e de construção de nossa nova pátria. E um governo de transição da ditadura rumo à democracia.
Caso sua vitória seja confirmada, ela colocará fim a 12 anos de hegemonia do Partido Nacional...
Sim, mas é mais do que isso. Esse triunfo abre as portas para que respondamos às demandas históricas dos hondurenhos nesses últimos anos. Haverá uma mudança de paradigmas. Poderemos garantir uma verdadeira democracia. Participativa, de Estado de direito, com poderes independentes e uma verdadeira Justiça. Da mesma forma, incorporaremos a consulta popular. Será o povo a decidir o futuro desta nação.
Que mensagem a senhora enviaria aos opositores?
Vamos à construção de um governo de unidade, com o qual possamos encontrar os pontos de coincidência com os distintos setores de nosso país para resolver os problemas que afligem a sociedade e a grande maioria do povo hondurenho.
Qual é a receita para o combate à corrupção e ao narcotráfico, que assolam Honduras?
Para termos sucesso no combate à corrupção, precisamos estabelecer um governo com transparência, austero. Precisamos estabelecer programas que nos permitam retornar às Metas do Milênio da ONU. Também necessitamos chegar a um acordo com as Nações Unidas para que nos assessorem, a fim de combatermos a corrupção, que tanto tem imperado em nosso país.
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