A semana começa com a expectativa de que pesquisadores de diferentes institutos e universidades comecem a divulgar dados mais substanciais sobre a gravidade da variante ômicron — cepa identificada, pela primeira vez, na África do Sul, no último dia 24, e que têm deixado o mundo em alerta. Entre as informações esperadas, estão os resultados de estudos de laboratórios sobre como anticorpos de vacinados reagem à infecção pela nova cepa e o andamento de análises conduzidas por fabricantes dos imunizantes sobre um possível escape vacinal.
Um dos principais especialistas do mundo em epidemias, Anthony Fauci acredita que as notícias serão tranquilizadoras. "Embora seja muito cedo para fazer afirmações definitivas, até agora, não parece que haja um grande grau de gravidade", disse em entrevista à rede televisão americana CNN. O também principal assessor do governo dos Estados Unidos para o enfrentamento da pandemia da covid-19 avalia, ainda, que os sinais, até agora, em relação à variante ômicron são "um tanto encorajadores".
Cerca de 40 países, incluindo os EUA, confirmaram casos de infecção pela nova variante, sendo que a maioria das pessoas é acometida por sintomas leves da doença. Um levantamento da Agência de Segurança e Saúde britânica traça o mesmo cenário. O trabalho sugere que existe escape da vacina para quem contrai a nova cepa do Sars-CoV-2 — ou seja, um impacto na eficácia dos imunizantes —, mas sem desdobramentos graves.
Os dados foram obtidos em uma pequena análise feita no Reino Unido e na província sul-africana de Gauteng, considerada epicentro da ômicron. A investigação, ainda em fase inicial, foi feita em um grupo de 22 pessoas. Entre os analisados, apenas seis não foram vacinados e dois tinham "status vacinal desconhecido".
O que já se sabe é que a nova cepa apresenta um grande número de mutações (mais de 30) na principal proteína do vírus, a spike. A proteína usada pelo micro-organismo para infectar as células humanas é o molde para o desenvolvimento da maioria dos imunizantes disponíveis. "Há um risco real de que teremos uma diminuição na eficácia das vacinas", disse Stephen Hoge, presidente da fabricante de vacinas Moderna, ao canal ABC.
Segundo Hoge, a magnitude dos efeitos ainda é desconhecida. "Resta saber se será como vimos com a variante delta, contra a qual as vacinas ainda eram eficazes recentemente, ou se veremos algo como uma redução de 50% na eficácia, o que significaria que precisamos reiniciar as vacinas", frisou.
Assim como o excesso de mutações, o aumento exponencial dos casos de infectados na África do Sul é incontestável. Na última terça-feira, por exemplo, os dados oficiais indicavam mais 4.373 infectados. Em 24 horas, o número quase dobrou, chegando a 8.561. Especialistas médicos avaliam que, como a população do país é jovem e a cobertura vacinal, muito baixa, casos mais graves poderão surgir nas próximas semanas.
Temendo o mesmo efeito, países de fora do continente, principalmente na Europa, decidiram enrijecer as medidas de controle da disseminação do vírus, o que desencadeou uma série de protestos. Ontem, pessoas contrárias às restrições marcharam pelo centro da capital belga. Houve confrontos ao longo do protesto, e a polícia dispersou os manifestantes com gás lacrimogêneo e canhões de água. No sábado, também ocorreram protestos na cidade de Melbourne, na Austrália, e em Viena, na Áustria.
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