Nova Era

Olaf Scholz é o novo chanceler e Alemanha encerra a era Merkel

Scholz prestou juramento diante dos deputados alguns minutos após a votação. O resultado marca o fim do governo de Angela Merkel após quatro mandatos

Agência France-Presse
postado em 08/12/2021 08:39 / atualizado em 08/12/2021 08:41
 (crédito: John MacDougall/AFP)
(crédito: John MacDougall/AFP)

Berlim, Alemanha- Dois meses e meio depois das eleições na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz foi eleito nesta quarta-feira (8) chanceler, o que significa o retorno da centro-esquerda ao poder após 16 anos de governo da conservadora Angela Merkel.

Scholz, de 63 anos, recebeu 395 votos a favor dos 736 deputados do Bundestag, que foram eleitos na votação de 26 de setembro.

"Sim", respondeu Scholz à presidente do Parlamento, Bärbel Bas, ao ser questionado se aceitava o resultado da votação. O presidente da República, Frank-Walter Steinmeier, entregou ao social-democrata o documento que oficializa sua nomeação e marca o início de seu mandato.

Scholz prestou juramento diante dos deputados alguns minutos após a votação.

Sua eleição como o nono chanceler da Alemanha após a guerra não era objeto de dúvidas, pois o Partido Social-Democrata (SPD) venceu as legislativas com 206 deputados eleitos, contra 197 do partido conservador União Democrata Cristã de Merkel.

Scholz é apoiado pelo Partido Verde (118 cadeiras) e o Partido Democrático Liberal (FDP, 92), que integram a nova coalizão de governo.

O resultado da votação marca o fim do governo de Angela Merkel após quatro mandatos. Por apenas nove dias, a emblemática chefe de Governo não bateu o recorde de longevidade no poder de Helmut Kohl.

A chanceler estava presente durante a votação e recebeu muitos aplausos.

Após o anúncio do resultado, a presidente da Comissão Europeia, Ursuya von der Leyen afirmou que deseja trabalhar com Scholz "por uma Europa forte", enquanto a Rússia declarou que espera manter com o novo chanceler "uma relação construtiva", em um momento de grande tensão entre UE e Moscou.

"Não há outra alternativa que o diálogo para resolver as divergências mais graves", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

- Governo paritário -


Merkel, que recebeu várias homenagens nas últimas semanas, deixará a chancelaria em definitivo após uma cerimônia de transferência de poder com Scholz, adversário e ao mesmo tempo aliado, pois foi seu ministro das Finanças e vice-chanceler nos últimos quatro anos.

Merkel, ainda muito popular, encerra 31 anos de carreira política, metade deles à frente do governo da maior economia europeia e quarta mundial.

Feminista, Scholz vai liderar um governo integrado pela primeira vez na Alemanha pelo mesmo número de homens e mulheres.

Três mulheres comandarão ministérios cruciais: a ecologista Annalena Baerbock será a titular das Relações Exteriores e as social-democratas Christine Lambrecht e Nancy Faeser estarão à frente das pastas da Defesa e Interior, respectivamente.

Também pela primeira vez desde os anos 1950, o ministério alemão terá nomes de três partidos.

Apesar dos programas eleitorais muitas vezes divergentes, SPD, Verdes e FDP conseguiram estabelecer uma agenda que se concentra na proteção do clima, no rigor orçamentário e na questões da Europa.

Christian Lindner, líder dos liberais e defensor da austeridade orçamentária, vai comandar o ministério das Finanças.

- Crise de saúde -


A nova coalizão terá que enfrentar a crise de saúde provocada pela covid-19, com os hospitais sob forte pressão.

A onda de contágios levou o governo a adotar restrições severas para os não vacinados, que não podem entrar em restaurantes, locais culturais e, em algumas regiões como Berlim, nas lojas.

A estratégia do novo Executivo passa pela obrigatoriedade da vacina, desejada por Scholz e que pode ser adotada a partir de fevereiro ou março.

O líder social-democrata, ex-prefeito de Hamburgo, designou como ministro da Saúde Karl Lauterbach, médico de formação e partidário de medidas restritivas.

O novo governo também terá muito trabalho no cenário internacional, em um momento de agitação geopolítica com Rússia e China.

Scholz não comentou até o momento o "boicote diplomático" anunciado pelos Estados Unidos contra os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, mas a nova chefe da diplomacia não descarta seguir os passos de Washington.

Annalena Baerbock prometeu adotar um tom mais firme que o governo anterior com a Rússia, que reforçou a presença de tropas na fronteira com a Ucrânia e provoca o medo de uma possível invasão.

Como estabelece a tradição, Scholz reservará sua primeira visita ao exterior à França. Nesta quarta-feira o presidente Emmanuel Macron, que receberá Scholz na sexta-feira, afirmou que acredita em "escrever juntos o futuro".

E Baerbock participará no fim de semana em Liverpool em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7.

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