África

Presidente da Somália afasta premiê

Correio Braziliense
postado em 28/12/2021 00:01

A disputa pelo poder na Somália atingiu, ontem, níveis ainda mais preocupantes. Sob a alegação de suspeita de envolvimento em corrupção, o presidente Mohamed Abdullahi Mohamed decidiu que afastar o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble do cargo. A medida, anunciada um dia depois de um novo conflito entre os dois sobre as aguardadas eleições no conturbado país africano, foi classificada pelo premiê como uma tentativa de golpe e gerou preocupação na comunidade internacional.

"O presidente decidiu suspender o primeiro-ministro Mohamed Hussein Roble e retirar seus poderes porque ele está vinculado a (casos de) corrupção", sustentou, em nota, o gabinete da Presidência. Ele acusa chefe de Governo de se apropriar de terras pertencentes ao Exército somali e de interferir em uma investigação do Ministério da Defesa.

"Como o presidente, aparentemente, decidiu destruir as instituições governamentais (…), ordeno que todas as forças nacionais da Somália trabalhem sob a liderança do gabinete do primeiro-ministro a partir de hoje (ontem)", reagiu Roble, durante uma entrevista coletiva de seu gabinete, onde conseguiu entrar, apesar da forte presença militar na área externa do edifício.

 Temores

A relação entre o presidente, conhecido como Farmajo, e o premiê é tensa, e o embate mais recente entre os dois provocou temores a respeito da garantia da estabilidade da Somália. "O primeiro-ministro está decidido a não ser dissuadido por ninguém no cumprimento de seus deveres nacionais, com o objetivo de liderar o país rumo a eleições que abrirão o caminho para uma transferência pacífica de poder", enfatizou nota do gabinete de Roble.

Presidente desde 2017, Farmajo viu seu mandato expirar em 8 de fevereiro passado, sem conseguir chegar a um entendimento com as lideranças regionais para a organização de eleições. No domingo, o governo dos Estados Unidos ressaltou que estava "profundamente preocupado com os contínuos adiamentos e irregularidades de procedimentos que minaram a credibilidade do processo eleitoral" no país da África Oriental.

A Somália não realiza eleições diretas há 50 anos e tem um sistema indireto complexo. Em abril, combatentes pró-governo e opositores trocaram tiros nas ruas de Mogadíscio, depois que Farmajo ampliou por dois anos seu período de governo. A crise foi contornada quando Farmajo recuou na decisão e Roble negociou um calendário eleitoral. Entretanto, nos meses seguintes, a rivalidade entre os dois políticos afetou novamente a organização de um pleito.

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