Prisão de Zé Trovão mantida

LUANA PATRIOLINO

O caminhoneiro Marco Antonio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, sofreu mais uma derrota no Supremo Tribunal Federal (STF). A Primeira Turma da Corte formou maioria, ontem, para mantê-lo preso e negou o pedido dos advogados para que ele ficasse em prisão domiciliar, monitorado por tornozeleira eletrônica. Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o caminhoneiro incitou as manifestações pró-governo do último 7 de Setembro.

Até agora, três dos cinco ministros se manifestaram contra o pedido de liberdade de Zé Trovão: o relator, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia, a última a votar. O ministro Alexandre de Moraes se declarou impedido de participar do julgamento, pois o pedido da defesa de Zé Trovão questiona um ato do próprio magistrado — foi ele o responsável por mandar prender o caminhoneiro. Falta apenas o voto de Dias Toffoli.

Zé Trovão está com a prisão decretada desde o fim de outubro, após uma ordem de Moraes. Para o ministro Barroso, a defesa "não trouxe novos argumentos suficientes para modificar a decisão ora agravada" e, por isso, o "recurso não deve ser provido".

O caminhoneiro foi um dos principais porta-vozes de Jair Bolsonaro nos protestos. Depois disso, ele teria fugido do Brasil para o México, onde ainda se encontra, e contado com o apoio de bolsonaristas — como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) — para não ser preso.

Segundo Nauê Bernardo de Azevedo, advogado constitucionalista e cientista político pela Universidade de Brasília, o 3 x 0 na primeira turma do STF era "previsível". "O Supremo está demonstrando que vai utilizar de todas as ferramentas institucionais para se proteger, ainda que na ausência de decisão de outras esferas. Trata-se de um recado a quem prega algum tipo de ruptura institucional", observou.