Cazaquistão

Revolta popular tem 164 mortos e 5.800 presos

Correio Braziliense
postado em 10/01/2022 00:01

As autoridades do Cazaquistão anunciaram, ontem, que os violentos distúrbios motivados pelo aumento no preço de gás deixaram 164 mortos e cerca de 2 mil feridos. As forças de segurança detiveram pelo menos 5.800 pessoas vinculadas às revoltas sangrentas, que abalaram o maior país da Ásia Central e ex-república soviética, durante a última semana.

Os números não puderam ser confirmados por uma fonte independente. No entanto, 103 das mortes teriam sido registradas em Almaty, a capital econômica, segundo informaram vários jornais, citando o Ministério da Saúde. Até ontem, fontes oficiais indicavam 42 óbitos — 26 manifestantes e 16 membros das forças de segurança. Os corpos de policiais foram decapitados e abandonados pelas ruas.

Ontem à tarde, o comunicado com o balanço do levante desapareceu do canal do governo no aplicativo de mensagens Telegram. O Ministério da Saúde indicou à mídia cazaque e russa que a informação tinha sido publicada por engano. No entanto, as autoridades não desmentiram a informação e não forneceram novos números.

No total, cerca de 5.800 pessoas foram detidas, "entre as quais há muitos estrangeiros", em 125 investigações diferentes, informou a Presidência cazaque, por meio de nota, sem fornecer mais detalhes. Na última sexta-feira, o presidente Kassym Jomart Tokayev ordenou às forças de segurança que atirassem para matar, caso fosse preciso. Também chamou os manifestantes de "bandidos armados" e prometeu sufocar a rebelião sem precedentes. O chefe de Estado assegurou que 20 mil "terroristas" participavam dos protestos.

"A situação se estabilizou em todo o país", apesar de as forças de segurança continuarem realizando operações de "limpeza", disse uma fonte do governo, após uma reunião de crise convocada por Tokayev. Na semana passada, ele pediu ajuda do colega russo, Vladimir Putin, que enviou uma "força de paz" para Almaty.

Alta traição

No sábado, o ex-diretor dos serviços de Inteligência, Karim Massimov, foi preso por suspeitas de "alta traição". De acordo com o Ministério do Interior cazaque, citado pela imprensa local, os danos materiais foram estimados em cerca de 175 milhões de euros (ou R$ 1,1 bilhão). Mais de 100 empresas e bancos foram saqueados e em torno de 400 veículos, destruídos.

Almaty — cidade de 1,7 milhão de habitantes — retornou a uma tranquilidade relativa nos últimos dias, mas agentes da polícia dão tiros de advertência para o alto, na tentativa de evitar que moradores se aproximem da praça central da cidade.

Sinal do tímido retorno à normalidade, 30 supermercados reabriram as portas ontem, segundo os jornais, pairando sobre a população a preocupação de uma possível escassez. O aeroporto local, que deveria retomar as operações hoje, permanecerá fechado "até uma estabilização da situação", indicaram as autoridades.

Raízes

O Cazaquistão, país com 19 milhões de habitantes, rico em hidrocarbonetos, foi abalado por distúrbios sem precedentes desde sua independência, em 1989, nos quais morreram dezenas de pessoas. O protesto começou no domingo passado (3 de janeiro), nas províncias, devido ao aumento dos preços do gás. Depois, a revolta se espalhou para as grandes cidades, incluindo Almaty, onde houve distúrbios e a polícia disparou balas reais contra os manifestantes.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags