Mesmo diagnóstico

Neonazista norueguês Breivik é tão perigoso quanto antes, diz psiquiatra

Terrorista que matou 77 na Noruega faz saudação nazista em audiência que julga pedido de liberdade condicional

Agência France-Presse
postado em 19/01/2022 11:57
 (crédito: Ole Berg-Rusten / NTB / AFP)
(crédito: Ole Berg-Rusten / NTB / AFP)

Oslo, Noruega- A possibilidade, considerada mínima, de soltura antecipada do neonazista Anders Behring Breivik, dez anos depois do pior massacre cometido na Noruega desde a Segunda guerra mundial, reduziu-se ainda mais com o testemunho-chave de uma psiquiatra, que o apresentou como ainda perigoso.

O neonazista norueguês Anders Behring Breivik, que pediu sua liberdade condicional dez anos depois de matar 77 pessoas, representa o mesmo perigo de uma década atrás, afirmou nesta quarta-feira (19) a psiquiatra Randi Rosenqvist, que o observou em detenção.

Condenado em 2012 a 21 anos de prisão com possibilidade de prorrogação, com pena mínima de dez anos, Breivik, de 42 anos, pediu esta semana sua libertação, garantindo que renunciou à violência.

"Acredito que Breivik tem o mesmo diagnóstico que sempre teve", declarou a psiquiatra Randi Rosenqvist ao tribunal de Telemark no segundo dia do julgamento.

Por questões de segurança, o processo foi transferido para o ginásio da prisão de Skien (sul), onde o extremista está preso.

"O risco de futuros atos violentos não mudou em relação a 2012 e 2013, quando escrevi minha primeira avaliação", disse ela.

Segundo a especialista, Breivik sofre de transtornos de personalidade que ela descreve como "associal, histriônico e narcisista".

Em 22 de julho de 2011, esse extremista de direita explodiu uma bomba perto da sede do governo em Oslo, causando oito mortes. Depois, matou outras 69 pessoas, a maioria adolescentes, atirando contra eles em um acampamento de verão da Juventude Trabalhista na ilha de Utøya.

O testemunho de Rosenqvist era considerado central para a questão da libertação antecipada de Breivik.

O extremista se queixou das condições de detenção, afirmando que era tratado "como um animal", porque não tinha contacto suficiente com o mundo exterior. Na prisão, tem acesso a uma televisão com DVD e videogames e uma máquina de escrever.

Nesse sentido, a psiquiatra destacou as dificuldades para dar uma forma de vida social para Breivik, etapa considerada como condição necessária para uma reabilitação e para uma reinserção futura na sociedade.

"Poucos presos querem falar com ele. A maioria quer lhe fazer mal", afirmou.

Seu pedido de liberdade condicional chocou o país nórdico, onde as famílias das vítimas, sobreviventes e especialistas temem esse procedimento se transforme em uma tribuna política transmitida ao vivo por alguns meios de comunicação.

Com suas saudações a Hitler e argumentações políticas e ideológicas, Breivik solidificou os temores de vítimas e especialistas. E garantiu que, em caso de libertação antecipada, manterá seu compromisso pró-nazista, mas por meios pacíficos.

Chamado a depor pela defesa, o sueco Per Öberg, porta-voz do Movimento de Resistência Nórdica, afirmou que seu grupo neonazista está disposto a ter contatos com Breivik para romper seu isolamento.

"Nós não julgamos ninguém", disse ele, por telefone, da Suécia.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação