MEIO AMBIENTE

Dano é 'irreparável', diz especialista sobre derramamento de óleo no Peru

O desastre ocorreu quando um navio-tanque de bandeira italiana descarregava na refinaria de La Pampilla em Ventanilla, que é de propriedade da companhia espanhola Repsol. A empresa atribuiu o acidente ao tsunami causado pela erupção vulcânica em Tonga, no Pacífico Sul.

Agência France-Presse
postado em 29/01/2022 21:47
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

Brigadistas continuavam neste sábado (29) a limpeza de três reservas naturais onde aves marinhas nidificam, e de dezenas de praias da costa central do Peru, que sofreram um dano "irreparável" pelo derramamento de quase 12.000 barris de petróleo há duas semanas.

"Na realidade, este é um desastre ecológico irreparável", disse à AFP o diretor da Reserva Nacional de Ilhas, Ilhotas e Cabos de Guano, Oscar García, durante uma inspeção da praia de Cavero em Ventanilla, cerca de 20 quilômetros ao norte de Lima.

O incidente de 15 de janeiro, classificado como "desastre ecológico" pelo governo peruano, ocorreu quando o navio-tanque "Mare Doricum", de bandeira italiana, descarregava na refinaria de La Pampilla em Ventanilla, que é de propriedade da companhia espanhola Repsol. A empresa atribuiu o acidente ao tsunami causado pela erupção vulcânica em Tonga, no Pacífico Sul.

"Estas áreas protegidas são locais de bancos naturais [de peixes e mariscos]. Se os resíduos de petróleo chegarem [ao leito marinho], vão contaminar e vamos perder" mais espécies, advertiu García.

A mancha negra de óleo foi arrastada pelas correntes marinhas para o norte, até 140 quilômetros de distância da refinaria, segundo o Ministério Público do Peru, provocando a morte de uma quantidade indeterminada de peixes, aves e mamíferos marinhos.

Neste sábado, a Repsol destacou em um comunicado ter "assinado acordos de colaboração que beneficiam mais de 1.600 pescadores e comerciantes" das praias afetadas, como os vendedores ambulantes das praias, para "ampliar a cobertura social"

Na sexta-feira, a Justiça peruana proibiu quatro diretores da Repsol de sair do país por 18 meses e ordenou a "apreensão" do navio-tanque, que permanece ancorado a seis milhas do porto de Callao.

Um dos afetados por essa medida é o presidente da Repsol Peru, o espanhol Jaime Fernández-Cuesta Luca de Tena, que é investigado na qualidade de "autor", enquanto os outros três dirigentes são apontados como "cúmplices".

"Ao que tudo indica, eles esconderam informação ou não disseram a verdade em seu devido momento", afirmou o promotor Ariel Tapia, responsável pela investigação.

Nesse sentido, o ministro do Meio Ambiente, Rubén Ramírez, disse ontem que a quantidade de petróleo derramado foi o dobro do que havia sido informado até então, 11.900 barris ao invés de 6.000.

A Repsol, por sua vez, confirmou que a quantidade de óleo vazada era superior à que fora informada inicialmente, e deu o número de 10.396 barris. Além disso, a empresa manifestou sua intenção de colaborar com a Justiça peruana.

Até agora, as brigadas de limpeza - formadas por pessoal da Repsol, militares e voluntários - retiraram das praias pouco mais de um terço do petróleo derramado, segundo a companhia.

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