Escândalo na Monarquia

Príncipe Andrew perde títulos honorários

Era uma vez um príncipe que foi acusado de molestar uma garota de 17 anos e caiu em desgraça. O que poderia ser um conto tornou-se o mais novo escândalo a abalar as estruturas da monarquia britânica. Filho da rainha Elizabeth II, o príncipe Andrew perdeu todos os cargos honorários à frente de regimentos militares e de associações de caridade. Ele também ficará impedido de ostentar o título de Alteza Real. Andrew responde a processo civil, nos Estados Unidos, por agressão sexual contra a norte-americana Virginia Guiffre, que o acusa pelo crime supostamente cometido em 2001, quando ela era uma menor de idade.

"Com a aprovação e o acordo da rainha, as afiliações militares e os patrocínios reais do duque de York foram devolvidos", anunciou o Palácio de Buckingham, por meio de um breve comunicado. "O duque de York continuará sem desempenhar nenhuma função pública e se defenderá neste caso na qualidade de cidadão privado", acrescentou.

A decisão foi tomada horas depois de mais de 150 veteranos do Exército britânico pedirem a Elizabeth II a remoção dos títulos militares de Andrew — um ex-piloto de helicóptero que foi considerado herói da Guerra das Malvinas, em 1982. A justificativa é a de que Andrew deixou de cumprir com as obrigações de "probidade, honestidade e comportamento honrado" que os militares britânicos têm. A perda dos títulos honorários e militares ocorre um dia após a Justiça de Nova York recusar o recurso de indeferimento da denúncia de agressões sexuais apresentada por Virginia.

A mulher que acusa Andrew é uma das vítimas de crimes sexuais do gestor financeiro americano Jeffrey Epstein, declarado culpado de pedofilia por um tribunal da Flórida e que se suicidou na prisão em Nova York em agosto de 2019. Andrew e Epstein eram amigos. O príncipe chegou a defendê-lo em entrevista concedida à emissora britânica BBC, em novembro de 2019. 

Autor de Prince Andrew: Epstein, Maxwell and the Palace ("Príncipe Andrew: Epstein, Maxwell e o Palácio"), Nigel Cawthorne explicou ao Correio que a reputação do filho de Elizabeth II estava em "frangalhos". "Agora que a mãe o rejeitou, não há como retroceder. Ainda há o trâmite de todo o processo legal e, depois, o julgamento. Devemos dar a Andrew, como a qualquer pessoa, a presunção da inocência. Se ele perder na esfera civil, certamente as acusações criminais seguirão seu caminho, tanto nos EUA quanto no Reino Unido", comentou.

Para Cawthorne, com a deserção do príncipe Harry, neto de Elizabeth II, para os Estados Unidos e as acusações de "imposto de honra" contra o príncipe Charles, "a carruagem do Castelo de Windsor está perdendo as rodas". "Quando a rainha morrer, será difícil ver qualquer futuro para a família real britânica", advertiu. (RC)

 

Com a aprovação e o acordo da rainha, as afiliações militares e os patrocínios reais do duque de York foram devolvidos"

Palácio de Buckingham, por meio de breve comunicado