Arte

Após sumiço de um ano, familia Rockefeller devolve tapeçaria sobre Guernica à ONU

Segundo uma fonte das Nações Unidas, na manhã de sábado (5) havia uma movimentação para a colocação da tapeçaria na sede da agência

Agence France-Presse
postado em 05/02/2022 14:25
 (crédito: AFP / ANDER GILLENEA)
(crédito: AFP / ANDER GILLENEA)

Um ano após seu súbito desaparecimento, que causou grande comoção na ONU, a família Rockefeller, dona da obra, resolveu expor mais uma vez sua vasta tapeçaria representando a Guernica de Picasso na entrada do Conselho de Segurança, segundo fontes da organização.

"É ótimo", reagiu um diplomata resumindo o alívio de muitos de seus colegas, funcionários ou jornalistas que trabalham na ONU em Nova York.

Segundo uma fonte das Nações Unidas, na manhã de sábado (5) havia uma movimentação para a colocação da tapeçaria na sede da agência.

Em fevereiro de 2021, em plena crise da covid-19 e enquanto a sede da ONU estava deserta sem seus milhares de funcionários, obrigados ao teletrabalho, a grande tapeçaria desapareceu da entrada do Conselho de Segurança sem que nenhuma explicação fosse dada pela família, que o havia emprestado à ONU por mais de três décadas.

"É horrível, horrível", reagiu então o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, surpreso com essa decisão, e prometeu fazer todo o possível para recuperar a obra.

Consultada pela AFP, a nova embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, indicou, no entanto, que não faria nenhuma abordagem específica ao proprietário.

Encomendada em 1955 por Nelson Rockefeller, a tapeçaria retirada da obra de Pablo Picasso e retratando o bombardeio da cidade de Guernica em 26 de abril de 1937 pela Alemanha nazista e a Itália fascista, foi tecida pela francesa Jacqueline de La Baume-Dürrbach

Em entrevista ao New York Times publicada no sábado, Nelson Rockefeller Junior admitiu uma "falha de comunicação" sobre um canteiro de obras que aparentemente precisava de limpeza.

A tapeçaria foi devolvida à ONU com a possibilidade de a família levá-la temporariamente para exibição nos Estados Unidos e no mundo.

A presença desta obra, pelo qual já passaram presidentes, ministros e embaixadores que frequentam regularmente o Conselho de Segurança, visa sensibilizar para a tragédia da guerra.

"Esta tapeçaria não é apenas um lembrete comovente dos horrores da guerra, mas por seu posicionamento também é testemunha de tantas histórias que vêm se formando desde 1985 em torno do Conselho de Segurança", disse o porta-voz do Conselho de Segurança da ONU há um ano, Stephane Dujarric.

Questionado na quinta-feira sobre os rumores sobre um regresso iminente da obra, o seu adjunto, Farhan Haq, reafirmou que para o chefe da ONU, a exposição desta tapeçaria vem acompanhada de "uma mensagem muito importante ao mundo sobre os perigos e as horrores da guerra.

"E é bom ter esse lembrete aqui na ONU", completou.

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