Afeganistão

Jornalistas estrangeiros em missão da ONU presos no Afeganistão são libertados

Dois jornalistas da Agência da ONU para Refugiados estrangeiros detidos no Afeganistão foram libertados

Agence France-Presse
postado em 11/02/2022 19:23 / atualizado em 11/02/2022 19:24
 (crédito: Wakil Kohsar / AFP)
(crédito: Wakil Kohsar / AFP)

Dois jornalistas estrangeiros detidos no Afeganistão foram libertados, anunciou nesta sexta-feira (11) a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), pela qual os repórteres estavam em missão no país.

"Estamos aliviados em confirmar a libertação dos dois jornalistas em missão para a Acnur e os afegãos que trabalhavam com eles", disse a entidade em comunicado enviado à AFP.

As detenções ocorreram quase seis meses após a tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão depois de uma ofensiva que derrubou um governo apoiado por países ocidentais.

O porta-voz do governo talibã, Zabihullah Mujahid, que havia indicado anteriormente que as autoridades estavam estudando a questão, disse na noite de sexta-feira que a situação foi resolvida.

"Esses estrangeiros, que se identificaram como trabalhadores de uma organização internacional, foram detidos porque não tinham as carteiras de identidade exigidas, licenças e documentos", acrescentou.

"Eles estão em boas condições, se comunicam com suas famílias e agora que foram identificados (...) foram liberados", afirmou Mujahid no Twitter, sem especificar os nomes dos jornalistas.

Mais tarde, ele disse à AFP que três pessoas haviam sido libertadas.

Um deles é o jornalista freelance e ex-correspondente da BBC Andrew North, que trabalha regularmente no Afeganistão há duas décadas, segundo um tweet de sua esposa Natalia Antelava.

Desde que os talibãs voltaram ao poder em agosto, a ONU tenta coordenar a ajuda humanitária para milhões de pessoas que sofrem neste país empobrecido.

Conversas com os ocidentais 

O governo dos radicais islâmicos busca desesperadamente uma legitimação em nível internacional, para aliviar uma séria crise econômica gerada pelo congelamento de fundos no exterior e uma queda na ajuda externa.

Nesta sexta-feira, o governo de Joe Biden informou que os Estados Unidos vão confiscar 7 bilhões de dólares do Banco Central do Afeganistão depositados em instituições financeiras americanas.

Metade dessa quantia deve ser destinada a indenizar parentes das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, que mais tarde levaram os Estados Unidos a invadir o Afeganistão.

O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, criticou essa decisão. "O roubo e a retenção de dinheiro do povo afegão nas mãos dos Estados Unidos representa o nível mais baixo de decadência humana e moral de um país e uma nação", escreveu no Twitter.

Até o momento, nenhum país reconheceu o governo talibã, mas uma delegação de Cabul viajou para a Noruega e Genebra para conversar com países ocidentais.

A segurança melhorou no país desde que os islâmicos tomaram o poder após a derrota das forças locais apoiadas pela Otan, mas o novo governo lançou uma dura repressão contra jornalistas.

Pelo menos 50 jornalistas afegãos foram presos pela polícia ou pelos serviços de inteligência do Talibã, de acordo com estudo recente da ONG Repórteres Sem Fronteiras.

As detenções são muitas vezes perpetradas com violência e os comunicadores chegam a passar quase uma semana detidos.

O Afeganistão é um dos países mais perigosos para jornalistas há décadas e vários repórteres foram mortos em crimes atribuídos aos talibãs nos meses anteriores à sua chegada ao poder.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, uma organização independente com sede em Nova York, havia dito que essa prisão era um "triste reflexo de um declínio geral na liberdade de imprensa e um aumento nos ataques contra os jornalistas sob o regime talibã".

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