Histórico comandante sandinista e um dos principais críticos do governo de Daniel Ortega, Hugo Torres Jiménez morreu ontem, aos 73 anos, informaram familiares. Ele fazia parte do grupo de 46 opositores presos, desde junho passado, sob acusação de, com o apoio dos Estados Unidos, conspirar contra Ortega. As razões e o local da morte de Hugo Torres não foram revelados, e, segundo um comunicado divulgados por seus filhos, "por vontade expressa do pai", não haverá honraria fúnebre e cerimônias públicas.
Segundo a ex-guerrilheira e exilada dissidente sandinista Mónica Baltodano, Hugo Torres morreu no hospital, para onde foi levado como prisioneiro em dezembro. "Lamentamos muitíssimo essa morte de um herói, de um verdadeiro herói das lutas contra as ditaduras que dominaram a Nicarágua, a ditadura de Somoza e, agora, a ditadura de Ortega, que é uma ditadura brutal e criminosa", disse Baltodano ao canal 100 Notícias, transmitido pela internet.
No início do ano, o movimento União Democrática Renovadora (Unamos) denunciou que a saúde de Torres havia se deteriorado e deu início a uma campanha para que o governo de Ortega informasse sobre a situação de seu integrante. Em dezembro, Torres foi transferido da prisão El Chipote para hospital em Manágua devido a complicações de saúde, segundo pessoas próximas. Desde então, não haviam informações sobre o tratamento que Hugo Torres recebia e sua recuperação. Em nota divulgada ontem, o Unamos acusou que seu integrante foi "submetido a torturas físicas e psicológicas no centro de detenção".
Reviravolta
Torres era vice-presidente da Unamos, antes conhecida como Movimento de Renovação Sandinista (MRS, centro-esquerda), criada em 1995 por militantes em desacordo com a condução política de Ortega. Foi um guerrilheiro sandinista de destaque e general reformado do Exército. Em 1974, arriscou a vida em uma operação para libertar um grupo de presos políticos da ditadura de Somoza. Entre eles, estava Ortega.
Antes de ser preso, Torres gravou um vídeo em que comentava a reviravolta histórica. "Há 46 anos, arrisquei minha vida para tirar Daniel Ortega e outros companheiros políticos presos da cadeia. (...) Mas é assim que a vida vira, e quem um dia abraçou os princípios hoje os traiu", disse. Os opositores foram presos antes da polêmica eleição presidencial de novembro, quando Ortega conquistou a quarta reeleição consecutiva. Dos detidos, sete pretendiam disputar o cargo. A maioria é idosa, com complicações de saúde. Até o fechamento desta edição, as autoridades não haviam se pronunciado sobre a morte do líder opositor.
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