O discurso feito pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta segunda (21/02), em que reconheceu formalmente a independência de duas regiões no leste da Ucrânia, colocou em marcha uma série de movimentações de potências ocidentais como resposta ao pronunciamento ao vivo na TV russa.
A União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos já adiantaram, sem entrar em detalhes, que planejam sanções a indivíduos e entidades que estejam ligados ao governo russo nesse contexto.
É esperado que o passo seguinte ao reconhecimento da independência das regiões de Donetsk e Luhansk seja a invasão dessas áreas por tropas russas, o que poderia detonar um conflito em larga escala.
Putin já anunciou que forças militares russas serão enviadas para "manter a paz" nessas regiões em que atuam rebeldes apoiados por Moscou.
James Landale, correspondente diplomático da BBC, analisa que a decisão de Putin representa "uma escalada significativa da crise sobre a Ucrânia".
No seu discurso televisionado, Putin dedicou um bom tempo para falar da história das relações entre Rússia e Ucrânia e disse, sem apresentar evidências, que Kiev atende os desejos do Ocidente.
"A América usou a Ucrânia e a Geórgia [outra ex-república soviética] para implementar políticas anti-Rússia", disse Putin.
"Você não queria que nós fôssemos amigos", disse o líder russo, "mas também não precisava nos fazer de inimigos.
A correspondente para o Leste Europeu da BBC, Sarah Rainsford, observa que "parecia que o presidente russo tirava uma mágoa de quase 20 anos do peito e partia para o revide".
Em outro momento do pronunciamento, ele afirmou que a Rússia foi "roubada" com o colapso da União Soviética em 1991.
Durante seu discurso de quase 1 hora, Putin afirmou que a Ucrânia moderna foi "criada" pela Rússia.
"Para a Rússia, a Ucrânia não é apenas um país vizinho, mas parte da nossa história, dos nossos camaradas e parentes", afirmou.
Provocações
O tom e conteúdo do discurso, na análise de James Landale, representou uma mudança substancial na posição russa.
Até recentemente, ele observa, Putin seus ministros falavam da necessidade de retomar a negociação em torno dos acordos de Minsk - que definiria um arranjo político no leste da Ucrânia baseado em forma de federalismo dentro do território do país.
A decisão de Putin "mata o processo".
Para o correspondente diplomático, o momento é para observar como as potências ocidentais vão reagir e quais serão os impactos das prováveis sanções a serem anunciadas.
Outro ponto do pronunciamento desta segunda foi dedicado a combater a expansão da Otan, a aliança militar do Atlântico-Norte, em direção à Rússia.
Segundo Putin, os Estados Unidos e a Otan transformaram a Ucrânia em um "teatro de guerra".
Sarah Rainsford afirma que está ocorrendo um "jogo de provocações entre Rússia e Ocidente rapidamente escalando para um confronto".
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