GUERRA NA EUROPA

Kiev se prepara para a 3ª noite de guerra; saída do país é desafio

Enquanto isso, em Moscou, o medo às sanções econômicas aumenta. Os bancos avisaram que estavam preparados e estão repondo sempre os bilhetes de rublos

Luiz Recena - Especial para o Correio
postado em 26/02/2022 18:19 / atualizado em 26/02/2022 18:20
Presidente da Ucrânia ainda está na cidade -  (crédito:  AFP)
Presidente da Ucrânia ainda está na cidade - (crédito: AFP)

Vai começar a terceira noite de guerra na Ucrânia e o sentimento de derrota une as populações de Kiev, Moscou e outras cidades importantes nos dois países em conflito. Os maiores atingidos são os ucranianos, principalmente os moradores da capital. Na disputa frenética e histérica entre informação e boataria, uma cifra parece ser aceita por todos: mais de cem mil pessoas já deixaram Kiev. Há mais, saídos de outras cidades e com destino variado, além da Polônia, o principal centro de triagem. Há comida para quem fica. Por enquanto sem restrições.

Não está fácil abandonar a Ucrânia. Mulheres e crianças podem sair livremente, mas os homens foram atingidos por uma lei de guerra que segura no país todos os aptos, entre 18 e 60 anos, com instrução militar ou não, mas capazes de serem usados em movimentos de defesa da cidade. Há deserções. De jovens pais ou adultos mais velhos, sem habilitações bélicas e o poderoso argumento da reunião familiar. Esse pessoal que fica e será usado contra um exército bem treinado, na ativa ou na reserva. O governo norte-americano, sem confirmação, avisou que os russos começaram a convocar reservistas. São dois milhões no total.

Enquanto isso, em Moscou, o medo às sanções econômicas aumenta. Os bancos avisaram que estavam preparados e estão repondo sempre os bilhetes de rublos. Estar preparados é uma frase bastante ouvida, mas há muita gente que não tinha o que guardar. Estão sofrendo. Grandes empresários, altos burocratas, empresas e órgãos governamentais estavam preparados. No resto da pirâmide social quanto mais perto da base maior o medo.

Alguém perguntou a um veterano correspondente russo, que fala e trabalha em português, se as sanções pessoais provocariam algum dano a Putin ou mudanças de plano. Eugenio Mouravitch, com sua conhecida ironia, respondeu: "Sanções a Napoleão nunca impediram os desejos napoleônicos". A guerra começa a noite com duas opções: bombardeios mais intensos ou o cerco tipo "pinças", com objetivo maior de sufocar o adversário.

*Correspondente em Portugal. Com fontes de Moscou e agências internacionais

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