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Negociações sobre cessar-fogo terminam sem decisão; veja os últimos acontecimentos da guerra na Ucrânia

Primeira reunião para negociar acordo de paz foi realizada em Belarus

BBC
BBC Geral
postado em 28/02/2022 14:29

A invasão da Ucrânia pela Rússia entrou nesta segunda-feira (28/2) no seu quinto dia com o primeiro encontro entre representantes de Kiev e Moscou em Belarus para discutir um armistício entre os dois países.

Os dois lados ainda não tinham se reúnem reunido desde que o começo da guerra, mas as expectativas de um cessar-fogo não eram altas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia dito antes do encontro que seu país queria um cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas do seu território.

O Kremlin afirmou, por sua vez, que não anteciparia sua posição — os negociadores russos falaram apenas em fechar um acordo que seja do interesse de ambos os lados.

Mas o próprio Zelensky disse mais cedo não acreditar que as discussões produzam resultados. E declarou que as "próximas 24 horas serão cruciais" para o país.

Agora, ambos os lados retornarão às suas capitais para consultas antes de uma segunda rodada de negociações, que pode ocorrer nos próximos dias, segundo a agência de notícias Reuters.

A BBC News Brasil apresenta a seguir os acontecimentos mais recentes e importantes do conflito e as perspectivas do que está por vir.

Capital segue sob controle ucraniano, mas russos se aproximam

Soldado na rua em Kiev
EPA
Militares patrulham as ruas da capital

Kiev, a principal cidade do país ainda permanece nas mãos da Ucrânia, mas as tropas russas vêm se aproximando e estão posicionadas a somente 30 km de distância.

O toque de recolher foi suspenso na manhã de segunda-feira (28/2), quando milhares de pessoas puderam deixar seus abrigos subterrâneos, como porões e estações de metrô, onde a maioria da população procurou se proteger.

Mas, apenas meia hora depois, as sirenes de ataque aéreo soaram, e elas precisaram voltar correndo.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, chegou a dizer que a capital estava "cercada" por tropas russas e que a retirada de civis da cidade era um desafio porque todas as rotas de saída estavam bloqueadas.

Após a repercussão da entrevista, dada à agência de notícias AP, Klitschko escreveu em um post no Telegram não ser aquela a situação: "Publicações russas na internet espalham informações atribuídas a mim de que Kiev está supostamente cercada e a evacuação de pessoas é impossível. Não acreditem em mentiras! Confie apenas em informações de fontes oficiais".

Batalhas estão sendo travadas em outras cidades do país

Carros queimados em Kharkiv
EPA
Russos e ucranianos disputam controle de Kharkiv

A cidade de Chernihiv, no nordeste da Ucrânia, enfrentou fortes bombardeios das tropas russas durante a noite de domingo (27/2), e um edifício residencial foi atingido por um míssil.

A cidade permanece, no entanto, sob controle ucraniano até o momento.

Relatórios sinalizam que militares russos tomaram a cidade de Berdyansk, no sul do país.

Também foram registradas explosões nesta manhã em Kharkiv, no leste do país, onde dezenas de civis foram mortos e centenas ficaram feridos, segundo as autoridades ucranianas.

Kharkiv é a segunda maior cidade ucraniana. O governo local declarou que os militares conseguiram recuperar o controle após ataque de tropas russas.

A situação é bastante fluida, no entanto, e é difícil verificar de forma independente quem está controlando a cidade de fato.

Alguns civis também disseram à BBC que Kharkiv está sob controle ucraniano e que o conflito nas ruas está diminuindo.

Anton Herashchenko, conselheiro do ministro do Interior de Kiev, escreveu no Facebook que as tropas russas atacaram áreas residenciais com mísseis.

Não é possível dizer neste momento exatamente quantos civis já foram mortos.

A alta-comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, informou mais cedo que pelo menos 102 civis morreram, e outras 304 pessoas ficaram feridas.

"A maioria destes civis foi morta por armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de multilançamento de foguetes e ataques aéreos. Os números reais são, eu receio, consideravelmente mais altos", afirmou Bachelet.

Europa envia armas à Ucrânia

Ursula von der Leyen anunciou novas sanções da UE à Rússia
Reuters
Ursula von der Leyen anunciou novas sanções da UE à Rússia

A União Europeia está tomando a medida sem precedentes de enviar armas para a Ucrânia, fechar o espaço aéreo para aeronaves russas e proibir os meios de comunicação estatais russos.

Será a primeira vez em sua história que o bloco comprará armamentos para entregar a uma nação em guerra.

Ao anunciar a medida, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também divulgou uma série de novas sanções contra a Rússia, entre elas o fechamento do espaço aéreo europeu também para aeronaves de Belarus, que ajudou na invasão russa.

A Suécia anunciou o envio de 5 mil lançadores de mísseis antitanque, 5 mil coletes, 5 mil capacetes e 135 mil pacotes de ração militar à Ucrânia.

Segundo a primeira-ministra do país, Magdalena Andersson, esta é a primeira vez que a Suécia manda armas para uma região em conflito desde a invasão soviética à Finlândia em 1939.

Baixas nas forças russas

A Ucrânia divulgou uma estimativa de perdas russas que teriam sido provocadas pelos ucranianos até agora.

A BBC não conseguiu verificar de forma independente essas alegações — e a Rússia não divulgou números de vítimas.

Segundo post publicado no domingo no Facebook da vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, os russos perderam: 4,3 mil soldados, 27 aviões, 26 helicópteros, 146 tanques, 706 veículos blindados de combate, 49 canhões, 1 sistema de defesa aérea Buk, 4 sistemas de lançamento de foguetes múltiplos Grad, 30 veículos, 60 veículos de abastecimento, 2 drones e 2 barcos.

Rússia reprime protestos

Manifestante é preso na Rússia
Getty Images
Manifestantes contrários à guerra foram presos em cidades da Rússia

A polícia russa prendeu no domingo mais de 900 pessoas que protestavam contra a invasão da Ucrânia em 44 cidades, de acordo com dados divulgados por um grupo de monitoramento independente.

O grupo OVD-Info diz que 4 mil manifestantes antiguerra foram detidos na Rússia desde que o conflito começou, há quatro dias.

A BBC não conseguiu verificar de forma independente esses números.

Os protestos de hoje coincidiram com o sétimo aniversário do assassinato do político da oposição e crítico de Putin, Boris Nemtsov.

ONU faz reunião de emergência

O Conselho de Segurança das Nações Unidas anunciou uma reunião de emergência da Assembleia-Geral da ONU para discutir a invasão russa à Ucrânia.

O encontro marcado para segunda-feira (28/2) deve reunir as visões dos 193 países-membros sobre o tema.

A Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança - Estados Unidos, França, Reino Unido e China são os outros quatro - e, portanto, tem poder de veto.

O país de fato votou contra a realização da reunião, mas, por conta de uma das resoluções da organização de cooperação internacional, sua posição não teve poder de veto nesta ocasião.

Rússia deixa arsenal nuclear a postos

Putin
Getty Images
Presidente russo reagiu a declarações de membros da Otan

No domingo, Vladimir Putin, anunciou que está colocando as forças nucleares do país em alerta máximo.

A ação foi um protesto contra "declarações agressivas" sobre a Ucrânia por líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos, e contra sanções econômicas aplicadas contra a Rússia.

União Europeia alerta para crise humanitária

Refugiados ucraianos em escola na Hungria
EPA
Ucranianos se refugiaram em países vizinhos para fugir da guerra

A União Europeia declarou que o continente está diante de uma crise humanitária de grandes proporções.

O bloco estima que até 7 milhões pessoas tenham sido desalojadas até agora com a invasão do território ucraniano.

"Estamos testemunhando o que pode vir a se tornar a maior crise humanitária no nosso continente europeu em muitos, muitos anos", afirmou em coletiva de imprensa Janez Lenar?i?, comissário europeu para ajuda humanitária e gerenciamento de crises.

Segundo ele, estimativas preliminares apontam que 18 milhões de ucranianos podem ser afetados do ponto de vista humanitário e que cerca de 4 milhões deixem o país.

Dados da ONU apontam que, até o momento, 368 mil pessoas entraram em nações vizinhas vindas da Ucrânia.

Brasileiros fogem da Ucrânia

O Itamaraty informou que 80 brasileiros conseguiram até o momento sair da Ucrânia e entrar nos países vizinhos, especialmente Polônia e Romênia.

"Ainda constam cerca de 100 brasileiros, registrados na lista da embaixada brasileira em Kiev, que permanecem em solo ucraniano", afirmou o comunicado divulgado na noite de domingo.

Estima-se que, no total, haja 500 brasileiros no país.

Ainda segundo o Itamaraty, há funcionários da embaixada brasileira em Chernivtsi, perto da fronteira ucraniana com a Romênia.

"Diplomata da embaixada do Brasil na Romênia também se deslocou para a fronteira para auxiliar o traslado, em ônibus providenciado pela Embaixada, de brasileiros para a capital Bucareste."

Bolsonaro: 'Brasil será neutro no conflito'

Em coletiva dada à imprensa do Guarujá, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que o Brasil adotaria um posicionamento neutro no conflito, para evitar "prejuízos para o Brasil".

"O Brasil depende de fertilizantes", declarou o presidente.

Segundo o portal G1, Bolsonaro disse ter falado por duas horas ao telefone com Putin e afirmou que o povo ucraniano "confiou em um comediante".

"O comediante que foi eleito presidente da Ucrânia, o povo confiou em um comediante para traçar o destino da nação. Eu vou esperar o relatório da ONU para emitir a minha opinião."


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