"O pior está por vir", diz Macron

Correio Braziliense
postado em 04/03/2022 00:25

Diz o ditado popular que, na luta entre o mar e o rochedo, quem sofre é o marisco, uma metáfora que pode ser usada na guerra da Ucrânia, em que a população civil acaba sendo a mais afetada. Trancados em casa ou abrigados em bunkers e estações de metrô, os moradores enfrentam severos bombardeios sem saber quando o pesadelo irá acabar. Na opinião do presidente da França, Emmanuel Macron, que conversou com o líder russo, Vladimir Putin, por telefone, “o pior ainda está por vir”.
Havia uma pequena esperança nas negociações por um cessar-fogo, ontem, em Belarus, no segundo encontro entre representantes russos e ucranianos. Avanço houve: os dois lados acordaram a abertura de corredores humanitários para evacuação de civis e envio de suprimentos, como remédios e comida, para as cidades sitiadas. Há, também, a disposição de Moscou de autorizar janelas de cessar-fogo temporário para que essas ações possam ser executadas.
“A segunda rodada de negociações acabou. Infelizmente, a Ucrânia ainda não tem os resultados de que precisa”, lamentou o assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podolyak, em postagem no Twitter.
Já o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, citou a possibilidade de uma “futura solução política” para o conflito. “Acredito que isso é um progresso significativo.”
Antes do fim da reunião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu entrevista a TV russa e pouco ajudou a alimentar esperanças por dias de paz. Segundo a agência estatal russa de notícias Tass, Putin (sem usar o termo “guerra”) acusa os ucranianos de impedir a saída de estrangeiros.
“Centenas de estrangeiros estão tentando deixar a zona de operação de combate, mas não há permissão. (O governo ucraniano) praticamente os mantêm reféns, jogando para ganhar tempo, ou se oferece para evacuá-los por Lviv (na fronteira com a Polônia). Ou seja, para dirigir por toda a zona de guerra, colocando-os em risco”, disse Putin. “Nossos militares forneceram corredores em todas as zonas de confrontos e forneceram veículos para que civis, cidadãos estrangeiros, tenham a chance de chegar a um lugar seguro. Mas os nacionalistas não os deixam fazer isso.”
As declarações de Putin, voltadas para o público interno, são desmentidas pelas imagens de centenas de refugiados estrangeiros desembarcando de trem nos postos de fronteira.
Na França, o Palácio do Eliseu informou que Macron ficou preocupado, depois de conversar com Putin por telefone, com a disposição demostrada pelo líder russo de manter a ofensiva militar e “tomar o controle” do país se os ucranianos não aceitarem as condições de Moscou.
Macron, que anunciou ontem que será candidato à reeleição no pleito de abril, respondeu a Putin que “ele cometeu um grave erro com o regime ucraniano”, que “não é nazista”. “Você inventa histórias, procura pretextos”, disse Macron a Putin, segundo o Eliseu. Depois da conversa, Macron telefonou para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Zelensky, em entrevista coletiva na qual pediu que os europeus fechem o espaço aéreo ucraniano, clamou por uma conversa direta com o líder russo: “eu preciso falar com Putin porque essa é a única maneira de parar esta guerra”. Para ele, se a Rússia não for detida em sua tentativa de ocupar a Ucrânia, Putin seguirá avançando com suas forças sobre os países bálticos.
“Se desaparecermos, que Deus nos proteja, em seguida será Letônia, Lituânia, Estônia”.
Em sua campanha de angariar apoios, Zelensky conversou por telefone com os chefes de governo da Noruega e de Israel, com o presidente do Cazaquistão, com o emir do Catar, com o presidente do Conselho Europeu, com o primeiro-ministro do Canadá e com o presidente da Polônia. (VD)

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