A terceira rodada de negociações entre representantes da Rússia e da Ucrânia por um cessar-fogo pode ocorrer ainda neste fim de semana. O principal negociador ucraniano, Mikhail Podolyak, disse, em Lviv, na fronteira com a Polônia, que "pode acontecer amanhã (hoje) ou depois de amanhã (domingo). Mantemos contato. Permanecemos on-line. Quando estiver claro que estamos prontos, por exemplo, para discutir o cessar-fogo, que há uma opção pronta, iremos".
A informação também foi publicada pela agência estatal de notícias russa Tass e confirmada pelo governo da Alemanha, após um telefonema entre o primeiro-ministro, Olaf Schols, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Na conversa, Putin negou que as forças de seu país estejam bombardeando cidades ucranianas, apesar da grande quantidade de imagens de destruição enviadas por moradores, jornalistas e observadores internacionais que estão nas zonas de conflito.
No último encontro, quinta-feira passada, os dois lados acordaram abrir corredores humanitários para facilitar a fuga dos civis em direção às fronteiras ucranianas e viabilizar o abastecimento de comida e remédios nas cidades sitiadas por tropas russas. Mais de 1,2 milhão de pessoas já deixou o país em guerra.
Usina tomada
Ontem, as forças russas concluíram a ocupação da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, atacada na noite anterior. Não há registro de danos aos reatores, mas o temor de uma tragédia radioativa tomou conta do planeta. "Sobrevivemos a uma noite que poderia acabar com a história. A história da Ucrânia. A história da Europa", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, ao comentar o ataque.
"Não foram registradas mudanças no nível de radiação", assegurou a agência de inspeção das centrais atômicas da Ucrânia. Dos seis blocos da planta, um saiu de operação, quatro estão em processo de resfriamento e apenas um segue funcionando.
A China, que se absteve na votação da Assembleia Geral da ONU que condenou a Rússia, quarta-feira passada, pediu à comunidade internacional, por meio do embaixador chinês Zhang Jun, que "mantenha a cabeça fria e a racionalidade".
O lado russo, no entanto, rejeita a acusação de iniciar o ataque à usina. Para o embaixador russo, Vassily Nebenzia, a acusação "faz parte da campanha de mentiras" contra o país dele. Culpou as forças ucranianas pela iniciativa do combate e por criar uma "histeria artificial".
Ontem, no porto estratégico de Mariupol, a situação humanitária foi descrita pelo vice-prefeito, Sergei Orlov, como "terrível", após 40 horas de bombardeios ininterruptos que atingiram, inclusive, escolas e hospitais.
Na cidade portuária de Mykoolaiv, a resistência ucraniana decidiu afundar o principal navio de guerra do país, que estava ancorado para reparos. Os ucranianos não queriam que a fragata caísse em mãos inimigas, que avançam para a cidade na estratégia de ocupação do total da costa do Mar Negro.
Em Kiev e Kharkiv, há uma aparente desaceleração do avanço russo. Tiros foram ouvidos a Noroeste da capital. Há muitos carros de combate russos destruídos pelas ruas da cidade e arredores. A coluna de blindados russos, que chegaram a formar uma fila de 60 km, permanece estacionada fora de Kiev.
Zelensky voltou a pedir que a Otan bloqueie o espaço aéreo ucraniano, mas o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, disse não, mais uma vez. "Acreditamos que, se fizermos isso, terminaremos com algo que pode se transformar em uma guerra total na Europa, engolindo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano." (VD)
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