Em 21 dias de guerra, cinco jornalistas morreram e mais de 30 ficaram feridos. "Ao menos 35 jornalistas foram vítimas das forças russas" e quatro deles vieram a óbito, afirmou Ludmila Denissova, encarregada dos direitos humanos no Parlamento da Ucrânia, em sua conta no Telegram."Vários repórteres ficaram feridos por disparos intencionais do inimigo", segundo a responsável, que citou suíços, tchecos, dinamarqueses e britânicos.
A mais recente vítima da invasão da Rússia à ex-república soviética foi Pierre Zakrzewski, cinegrafista da emissora norte-americana Fox News. O carro em que ele e o colega, Benjamin Hall, estavam foi atingido pelo fogo em Horenka, nos arredores de Kiev, anteontem. Zakrewski não resistiu aos ferimentos, enquanto Hall — um britânico que trabalha como correspondente do Departamento de Estado da Fox News — segue hospitalizado na capital ucraniana.
De acordo com um veículo ucraniano, The Kyiv Independent, e a organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras, a jornalista ucraniana Oleksandra Kuvshinova também foi morta no mesmo incidente. No domingo, o norte-americano Brent Renaul recebeu um tiro mortal no entorno de Kiev. Os jornalistas ucranianos Evgueni Sakun e Viktor Duda morreram, respectivamente, no bombardeio da torre de televisão da capital e em combates perto de Mikolaiv (sul).
O primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, disse estar "profundamente assustado e entristecido" com a morte de Zakrzewski, que tinha nacionalidade irlandesa, e sua colega. "Meus pensamentos estão com suas famílias, amigos e colegas jornalistas", escreveu Martin no Twitter. "Condenamos esta guerra indiscriminada e imoral da Rússia contra a Ucrânia", acrescentou.
Zakrzewski, que morava em Londres, trabalhava na Ucrânia desde fevereiro. "Pierre era um fotógrafo de zona de guerra que cobriu de perto diversos eventos internacionais para a Fox News do Iraque ao Afeganistão passando pela Síria durante sua longa permanência conosco", completou Scott. "Sua paixão e talento como jornalista eram incomparáveis".
Protesto
A funcionária de uma emissora de televisão russa que invadiu um noticiário governista para denunciar a ofensiva na Ucrânia foi libertada, ontem, após ser condenada a pagar multa equivalente a US$ 275 (ou R$ 1.419). Marina Ovsiannikova poderá, no entanto, responder a acusações penais que poderiam resultar em severas penas de prisão, segundo uma lei que reprime qualquer "informação falsa" sobre as forças militares russas.
Na noite de segunda-feira, a mulher, de 43 anos, entrou na tranmissão ao vivo do noticiário da emissora Pervy Kanal, onde ela trabalha como produtora. Ela exibia um cartaz que dizia "Não à guerra, não acreditem na propaganda. Aqui estão mentindo para vocês". As imagens de seu gesto deram a volta ao mundo e, nas redes sociais, muitas pessoas elogiaram sua "extraordinária coragem", em um contexto de dura repressão a qualquer voz crítica na Rússia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, propôs, inclusive, uma "proteção consular", tanto na embaixada quanto concedendo-lhe asilo. Ontem, um tribunal de Moscou a declarou culpada de cometer uma "infração administrativa" e a condenou a pagar uma multa de 30 mil rublos.
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