Conflito

Jornalista que protestou em TV russa contra guerra rejeita oferta de asilo da França

"Sou uma patriota, meu filho mais ainda. De forma alguma queremos ir embora", declarou Marina Ovsiannikova

Agence France-Presse
postado em 16/03/2022 21:15 / atualizado em 16/03/2022 21:16
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

 A jornalista russa Marina Ovsiannikova, 43, que ganhou fama ao invadir um telejornal russo para denunciar a ofensiva de seu país na Ucrânia, rejeitou uma proposta de asilo feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, porque não deseja se mudar da Rússia.

"Não quero deixar o nosso país. Sou uma patriota, meu filho mais ainda. De forma alguma queremos ir embora, não queremos ir para lado nenhum", declarou Marina à revista alemã "Der Spiegel". O presidente francês havia se declarado disposto a oferecer "proteção consular" à jornalista, seja na embaixada ou lhe concedendo asilo.

Marina invadiu na última segunda-feira o telejornal russo de maior audiência, o da rede Pervy Kanal, onde trabalha como produtora, exibindo um cartaz em que criticava a operação militar da Rússia na Ucrânia e denunciava a "propaganda" da mídia controlada pelo poder.

A jornalista foi presa e libertada após pagar uma multa. No entanto, pode ser acusada criminalmente e condenada sob uma lei recente que reprime qualquer "informação falsa" sobre os militares russos.

"Isso é uma guerra contra um povo irmão! Ninguém que esteja bem da cabeça pode aceitá-la", criticou Marina, que nasceu em Odessa (Ucrânia), filha de pai ucraniano e mãe russa.

A jornalista considerou que sua ação "foi, antes de tudo, um ato pacifista: tanto à Rússia quanto ao mundo interessa acabar com essa guerra o mais rapidamente possível. Também queria mostrar que os russos também são contra essa guerra, o que muita gente no Ocidente não entende. A maioria das pessoas inteligentes e instruídas daqui se opõe a essa guerra."

Marina disse que preparou seu protesto sozinha e que não contou seus planos para ninguém. "A maioria das pessoas que trabalham para a TV nacional entendem muito bem o que está acontecendo. Não são propagandistas convencidas", afirmou, declarando-se "feliz" porque vários jornalistas russos de canais públicos pediram demissão nos últimos dias em protesto contra as restrições à informação.

Relembre o momento da manifestação: 

 

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