REPRESSÃO

Talibã volta atrás e fecha escolas de ensino médio para meninas

Após sete meses de poder e a manutenção da proibição de meninas de 12 a 19 anos em escolas, o regime pareceu dar um avanço na questão, mas não cumpriu a palavra

Correio Braziliense
postado em 23/03/2022 11:56
Adolescentes chegam à escola, em Cabul, momentos antes do talibã voltar atrás e determinar o fechamento das instituições de ensino -  (crédito: Ahmad SAHEL ARMAN / AFP)
Adolescentes chegam à escola, em Cabul, momentos antes do talibã voltar atrás e determinar o fechamento das instituições de ensino - (crédito: Ahmad SAHEL ARMAN / AFP)

Sete meses após a tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão e a consequente proibição de aprendizagem a adolescentes entre 12 e 19 anos, o regime ditador permitiu a volta do funcionamento das escolas de ensino médio nesta quarta-feira (23/3). No entanto, após poucas horas da chegada das alunas nas instituições, o governo voltou atrás e determinou o retorno das jovens para casa.

Uma equipe da Agência France-Presse (AFP) estava em um colégio em Cabul, um dos maiores da capital, e viu o momento em que um professor ordenou que as alunas retornassem para a casa. As alunas deixaram o local às lágrimas.

"Vejo minhas estudantes chorando e relutantes em deixar a aula", afirmou Palwasha, professora na escola para mulheres Omra Khan de Cabul, à France-Presse. "É muito doloroso ver as suas estudantes chorando", acrescentou.

O porta-voz do talibã, Inamullah Samangani, se limitou a confirmar os fatos. “Sim, é verdade”, disse à AFP. Já o porta-voz do ministério da Educação, Aziz Ahmad Rayan disse que ele não estava “autorizado a comentar”.

As escolas de ensino médio para mulheres foram as únicas que permaneceram proibidas após o retorno das aulas presenciais em setembro de 2021, dois meses após a tomada de poder do talibã — o grupo passou a liderar o país em 16 de agosto de 2021.

Na época, as instituições de ensino estavam fechadas devido à pandemia da covid-19 e após a flexibilização das medidas restritivas, apenas o ensino básico para meninas foi permitido pelo regime. 

A ONU e outras instituições de ensino pressionaram o talibã para liberar as escolas e não repetir a repressão ocorrida durante o mandato anterior dos talibãs, entre 1996 e 2001, no qual foi proibida qualquer grau de educação para meninas e mulheres.

Após a pressão internacional, o regime afirmou, ainda em setembro do ano passado, que iria, sim, permitir o acesso educacional às mulheres, mas em espaços diferentes dos homens.

Desde o início do regime, o talibã excluiu as cidadãs afegãs de empregos públicos, impôs maneiras de se vestir e proibiu-as de viajarem sozinhas para fora da cidade em que moram.

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