Posição da China preocupa os EUA

Após um encontro de sete horas, em Roma, com Yang Jeichi, o mais alto diplomata do Partido Comunista Chinês, Jake Sullivan — conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca — advertiu Pequim sobre o apoio ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ao classificar o diálogo como "intenso" e "muito franco", Sullivan disse ter alertado à China que nenhum país será capaz de se safar da tentativa de socorrer a Rússia, enquanto o Kremlin tenta resistir às sanções impostas pelos Estados Unidos e pelo Ocidente.

"Os EUA estão profundamente preocupados com a posição da China de alinhamento com a Rússia" frente à guerra na Ucrânia, disse Sullivan. O governo norte-americano afirma ter dados de inteligência que apontariam o interesse dos chineses em fornecer a Moscou assistência financeira e militar. O enviado do presidente democrata Joe Biden alertou a China para "implicações e consequências em potencial", caso Pequim preste alguma ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin, em sua invasão à Ucrânia. Antes da reunião em Roma, autoridades de Washington afirmaram que a Rússia chegou a pedir ajuda militar à China. Pequim classificou a declaração como "desinformação".

Entre a assistência supostamente solicitada pela Rússia à China estão kits de alimentos não perecíveis pré-embalados, conhecidos nos EUA como "refeição pronta para comer" (ou MRE). Pequim destacou os desafios logísticos básicos que analistas militares dizem ter estagnado o avanço das forças russas em território ucraniano. A China se recusou a condenar diretamente Moscou pela invasão à Ucrânia e culpou a "expansão ocidental" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Mídia

À medida que a guerra na Ucrânia se estende, a mídia oficial chinesa apresenta sua própria versão da invasão russa, baseada em grande parte na retórica de Putin. No dia em que Putin anunciou o ataque, a agência de notícias Xinhua repetiu a linguagem do Kremlin, falando de uma "operação militar especial" e afirmando que a Rússia "não tem intenção" de ocupar a Ucrânia. A mídia evita cuidadosamente o termo "guerra".

"A China usa intencionalmente uma linguagem muito vaga", diz à AFP Justyna Szczudlik, especialista em China do Instituto Polonês de Assuntos Internacionais. Com isso, Pequim espera não se contrapor aos seus parceiros europeus, aponta. Nas redes sociais, palavras-chave pró-Putin aparecem e apelos à capitulação da Ucrânia circulam sem censura, enquanto mensagens pró-ucranianas são bloqueadas.