Reatar laços é erro, diz Reino Unido

Táticas adotadas por Moscou, como "bombardear cegamente civis", levaram o Reino Unido a descartar o restabelecimento de relações normais com o governo de Vladimir Putin após o fim das ofensivas a Kiev. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, chega, inclusive, a defender uma "nova era de intimidação" contra Putin. "Tentar normalizar as relações depois disso, como fizemos em 2014, seria cometer o mesmo erro", disse Johnson, se referindo à anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, há oito anos.

Em discurso, ontem, no congresso britânico, o premiê afirmou, também, que o fim da liberdade na Ucrânia significará o início de uma nova era de intimidação na Europa Oriental. "Se Putin conseguir esmagar a Ucrânia, será a luz verde para autocratas em todo o Oriente Médio. Esse é um ponto de virada para o mundo", justificou.

Horas antes, a secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, havia dito que temia que as negociações para uma trégua fossem apenas uma "cortina de fumaça" usada pelo Kremlin para intensificar a ofensiva. "Não vemos nenhuma grande retirada das tropas russas ou nenhuma proposta séria na mesa. Os russos mentiram e continuam mentindo", afirmou, em entrevista ao jornal The Times.

A ministra destacou, ainda, que se "um país leva a sério as negociações, não bombardeia cegamente os civis no mesmo dia". Truss também fez referência ao último relatório do ministério da Defesa britânico sobre a situação na Ucrânia, tornado público na semana passada. O documento informa que "o Kremlin não atingiu, até agora, os seus objetivos iniciais" e "foi forçado a mudar de tática". Segundo ela, isso, "provavelmente, implicará em uso cego do poder militar, o que trará um aumento de baixas civis, destruição da infraestrutura ucraniana e uma intensificação da crise humanitária".