ESTADOS UNIDOS

Suspeito de tiroteio no metrô de NY será julgado por terrorismo

Frank James, o homem que entrou em uma estação de metrô em Nova York e feriu a tiros várias pessoas, foi preso e responderá por ataque terrorista. No YouTube, criminoso defendeu tiroteios em massa. Técnico que ajudou a identificar o suspeito falou ao Correio

Rodrigo Craveiro
postado em 14/04/2022 06:00 / atualizado em 14/04/2022 09:26
 (crédito: Bryan R. Smith/AFP)
(crédito: Bryan R. Smith/AFP)

O sírio Zack Tahhan, 21 anos, atendeu à ligação do Correio, por meio do aplicativo Messenger, às 18h10 (17h10 em Nova York). Estava eufórico. Cinco horas antes, deixou de ser um rosto anônimo na multidão e virou celebridade. Graças à ajuda dele, o homem que semeou o pânico na estação de metrô da Rua 36, no bairro do Brooklyn, na manhã de terça-feira, está atrás das grades. Frank James, 62 anos, será formalmente acusado de "ataque terrorista" depois de entrar em um trem, lançar uma granada de fumaça e atirar a esmo, ferindo 29 pessoas.

"Eu estou me sentindo muito, muito bem. Muita gente poderia ter morrido no metrô. Sou americano muçulmano e, na Síria, eu gostava de ajudar as pessoas", afirmou Zack. "Eu estava trabalhando e consertando uma câmera de segurança. Foi aí que o avistei e o reconheci, com a graça de Deus. Comecei a correr atrás dele e a gritar: 'Ei, caras, tenham cuidado, ele pode fazer algo'. Era por volta das 13h. Corri até uma viatura, e os policiais o prenderam", acrescentou o funcionário da Maga, empresa especializada em instalação e manutenção de câmeras de segurança. 

Perguntado pela reportagem sobre o que pretende fazer com os US$ 50 mil (cerca de R$ 234 mil) prometidos pela polícia como recompensa, Zack respondeu: "Minha família... Quero trazer meu pai, minha mãe e meu irmão, que estão na Síria, para os Estados Unidos".

A prisão de James aconteceu em East Village, um bairro de Manhattan. "Meu colegas nova-iorquinos. Nós o pegamos!", comemorou o prefeito de Nova York, Eric Adams, em mensagem divulgada por vídeo. Por sua vez, a procuradora-geral de Nova York, Leititia James, reconheceu a contribuição de Zack. "Obrigada por sua bravura hoje, Zack! Toda Nova York agradece", escreveu no Twitter. 

No entanto, fontes afirmaram ao jornal The New York Post que o próprio Frank James telefonou para a polícia e disse: "Sabe? Acho que vocês estão procurando por mim. Estou vendo minha foto em todos os noticiários. Estarei perto do McDonald´s. Quero esclarecer as coisas". Pouco depois, Zack teria visto o suspeito. 

"O senhor James enfrenta agora uma acusação federal por seus atos. Um ataque terrorista contra o (sistema de) transporte coletivo", anunciou Michael J. Driscoll, assistente de direção do escritório do FBI (polícia federal dos EUA) em Nova York. O cartão de crédito de James e as chaves da van que ele havia alugado na Filadélfia foram encontrados no local do ataque. A polícia também apreendeu uma pistola Glock 17 de calibre 9mm, três carregadores de munições adicionais e um machado. Segundo as autoridades, James disparou 33 vezes dentro do vagão.

Na coletiva de imprensa, as autoridades não mencionaram diretamente o nome de Zack. Em imagens de vídeo publicadas nas redes sociais, o sírio aparece dentro de uma viatura, acenando, enquanto é fotografado, filmado e aplaudido pelos pedestres.

Ficha criminal

Frank James tem uma vasta ficha criminal. James Essig, chefe de investigação da polícia, explicou que o suspeito foi detido várias vezes por posse de ferramentas para roubos, atos sexuais criminais, roubo e desvio de conduta. Vídeos publicados no YouTube por James sugerem que ele padece de problemas psiquiátricos. Em um deles, gravado véspera do atentado, o suspeito afirmava: "Tenho passado por um monte de m... e posso dizer que eu queria matar as pessoas. Eu queria assistir às pessoas morreram bem na frente da minha face f... Mas eu pensei sobre o fato de que (...) eu não quero ir para uma prisão de m..." Outros vídeos de autoria dele eram recheados de conteúdo racista e misógino. Em um deles, defendeu "tiroteios em massa". "Precisamos ver mais tiroteios em massa", dizia. 

Ontem, um dia depois de se deparar com dois homens feridos saindo da estação da Rua 36, o documentarista Konrad Aderer, 53 anos, desabafou ao Correio: "Se for ele realmente o atirador, fico feliz que possamos nos sentir mais seguros circulando em nossa cidade". 

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    O sírio Zack Tahhan reconheceu o criminoso em imagens de câmeras de segurança e acionou a polícia Foto: David Dee Delgado/AFP
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