Espanha

Madri ganha clube para homens se masturbarem em grupo: "Entre colegas"

Dono do local explica que públicos distintos se conectam durante as "sessões" — que duram cerca de 3 horas

Jéssica Gotlib
postado em 22/04/2022 18:00 / atualizado em 22/04/2022 18:00
Dono do clube de Madri defende que masturbação coletiva é um hábito comum entre homens e que os clubes são uma forma segura de fazer isso -  (crédito: @b_a_waak/reshot)
Dono do clube de Madri defende que masturbação coletiva é um hábito comum entre homens e que os clubes são uma forma segura de fazer isso - (crédito: @b_a_waak/reshot)

O relato da inauguração de um clube de masturbação em grupo para homens ganhou as redes sociais nesta sexta-feira (22/4). Publicada no jornal El País, na Europa, a história conta como diferentes perfis masculinos se encontram no local recém-aberto chamado ‘Masturbação entre colegas’ em Madri, Espanha.

Apesar de ser a primeira casa do tipo de que se tem notícia no país, uma associação internacional dá conta de que há pelo menos outros 23 lugares semelhantes espalhados pelo mundo: 18 nos Estados Unidos, dois na Austrália, dois no Canadá e um no Reino Unido. A premissa é bastante simples e muito parecida com o que o nome da casa madrilenha sugere: os indivíduos do sexo masculino se encontram para se masturbarem em conjunto — e aproveitam para trocar ideias e boas vibrações.

“Em geral, quando um integrante termina, não costuma sair”, explica Nacho G., 43 anos, dono do estabelecimento espanhol. Na conversa com o El País, ele contou que a ideia é promover encontros, contato físico e erotismo em um ambiente seguro. “Ele fica para repetir quantas vezes quiser ou puder durante as três horas que dura cada evento. Entre um e outro orgasmo sempre há conversa, como se fôssemos velhos amigos, sem más vibrações. Sem vergonha”, revela.

Diferente do que se pode pensar, nem todos que frequentam estes espaços se definem como homossexuais. “A presença de homens heterossexuais nesses clubes é um fato, eu mesmo sou”, expõe. “O prazer de se masturbar é pessoal e depende de você, mas também pode conectá-lo diretamente com outros homens que gostam de se masturbar. Eles procuram desfrutar, compartilhar esses sentimentos com outros homens. Se você pensar bem, é a alternativa ideal de relacionamento aberto para muitas pessoas com limites claros de intimidade”, argumenta.

Clube tem regras rígidas, como proibição ao sexo oral e penetração durante os eventos
Clube tem regras rígidas, como proibição ao sexo oral e penetração durante os eventos (foto: GustavoAckles/Pixabay)

Segundo Nacho, é uma atividade homoerótica, mas não há impedimento para que heterossexuais participem. “A masturbação em grupo não tem nada a ver com sexo e é assim que minha parceira vê, como colegas que compartilham momentos de lazer”, explica. Embora diga receber clientes héteros com menos frequência, Paul Rosenberg, que tem um clube de masturbação em Seattle, corrobora a tese de irmandade masculina através da felação.

“Eles buscam intimidade sexual e argumentam que um clube de masturbação não é infidelidade, já que não há penetração e não há outras mulheres. Eles acabam encontrando, além do alívio sexual, um vínculo masculino inesperado, um sentimento de fraternidade. Tenho uma admiração tremenda por esses homens heterossexuais que superam a homofobia cultural que os cerca e se abrem para a possibilidade de intimidade com outros homens que podem incluir sexo”, comenta.

Entre o público gay, a procura é por motivos diferentes. Segundo Rosenberg, diferente dos aplicativos de paquera, os clubes têm regras rígidas e oferecem um ambiente seguro para quem busca conexão física e emocional. “Os clubes de masturbação eliminam esses processos desajeitados que facilitam as opções de aplicativos flertar deixa sem resposta. Não há necessidade de concordar com um horário ou local, discutir quem tem local ou simplesmente se você será compatível com a outra pessoa. Em clubes muito lotados quando há 120 homens presentes em um evento, as chances de você encontrar alguém que corresponda às suas preferências são extremamente altas”, afirma.

Os preços da associação (para participar dos clubes) variam de US$ 20 por mês a US$ 235 por ano e são equivalentes para a localidade de Madri. De acordo com os donos, as taxas são uma forma de atribuir valor às coisas. “Não queremos todo mundo: queremos pessoas que gostem do que temos a oferecer e estejam dispostas a pagar US$ 20 por isso”, afirma Rosenberg.

O código de conduta também é bastante rígido: sexo oral e qualquer tipo de penetração estão proibidos, além de nada de beijos da cintura para baixo. Quando os clientes chegam ao evento, recebem pulseiras coloridas para indicar quem aceita ou não contato físico com outras pessoas. Para Nacho, é apenas uma forma de dar continuação de uma cultura ancestral masculina. “Muitos homens da minha idade terão lembranças de se masturbar com seus colegas. Eles saberão do que estou falando”, encerra.

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