ELEIÇÕES

Franceses vão às urnas hoje

Pesquisas apontam diferença mínima entre os candidatos à presidência, com pequena vantagem do atual líder Emmanuel Macron sobre a adversária de extrema direita, Marine Le Pen

Correio Braziliense
postado em 24/04/2022 00:01
 (crédito: JOEL SAGET, Eric Feferberg / AFP)
(crédito: JOEL SAGET, Eric Feferberg / AFP)

Os franceses decidem hoje se seguem sob o comando do atual presidente, Emmanuel Macron, ou se irão trocá-lo pela sua adversária de extrema direita, Marine Le Pen. O segundo turno pode ser definido por poucos votos, já que as últimas pesquisas indicam uma diferença mínima entre os candidatos, com ligeira vantagem do atual líder. O resultado do pleito, que pode ser decidido por eleitores da esquerda que ficaram sem um nome para a segunda fase da disputa, também é aguardado com expectativa por outros países, já que indicará o futuro da União Europeia.

Assim como a disputa eleitoral realizada em 2017, Macron e Le Pen, com 27,85% e 23,15% dos votos no primeiro turno, respectivamente, disputam a presidência no segundo turno, depois de deixarem outros 10 candidatos para trás — entre eles, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon (quase 22%). De acordo com as pesquisas mais recentes, divulgadas na última sexta-feira, o candidato do partido A República em Marcha (LREM, na sigla em inglês), de 44 anos, derrotaria sua rival do Reagrupamento Nacional (RN), de 53, com uma vantagem menor do que o pleito anterior, quando foi proclamado presidente com 66,1% dos votos.

O cenário atual da França é bem diferente do que foi visto em 2017. A primeira parte do governo de Macron foi marcada por uma série de protestos sociais. Logo em seguida, uma pandemia global confinou milhões de pessoas em suas casas, e, mais recentemente, a ofensiva russa na Ucrânia abalou fortemente o continente europeu. O conflito, que ainda segue em curso, "sobrevoou" a campanha, embora "o poder de compra tenha sido a preocupação número um" dos franceses, declarou Mathieu Gallard, da empresa especializada em pesquisas Ipsos France, durante uma entrevista à rádio France Bleu. Para Gallard, existe no momento "uma forte desilusão" da população, com muitos franceses desapontados com os candidatos que disputam a segunda fase da eleição.

Muitos jovens, assim como parte dos eleitores de Mélenchon, estão insatisfeitos com o balanço social e ambiental dos cinco anos de Macron, mas também temem que a extrema direita chegue ao poder.

Em sua campanha, Macron usou o argumento de ter sido um presidente estável em tempos de crise e reformista. Le Pen optou por se apresentar como defensora do poder aquisitivo dos franceses, em um contexto de preocupação com a disparada dos preços da energia e dos alimentos. Com pensamentos extremamente nacionalistas e bastante diferentes de seu opositor, a vitória da candidata de extrema direita pode prejudicar a vida de estrangeiros que vivem no país europeu e também alterar alianças internacionais já bem estabelecidas. Le Pen propõe inscrever na Constituição a "prioridade nacional" para excluir os não franceses dos benefícios sociais concedidos pelo governo e também defende abandonar o comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e reduzir as competências da União Europeia (UE). Em 2017, ela chegou a propor a saída da França do bloco econômico, mas a medida radical não se manteve em sua campanha atual. Já o presidente em final de mandato é a favor de "mais Europa", tanto em matéria econômica e social quanto de defesa, e pretende recuperar seu impulso reformista e liberal, com sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.

A depender do ganhador, Le Pen pode se tornar a primeira mulher presidente da França, e Macron, o primeiro a ser reeleito desde o conservador Jacques Chirac (1995-2007). "Independentemente do vencedor, o país será mais difícil de governar nos próximos cinco anos", declarou a cientista política Chloé Morin à Agência France-Presse (AFP) de notícias.

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