VIOLÊNCIA

Mãe presa após morte brutal de filho deve deixar cadeia no Reino Unido

Conhecido publicamente no Reino Unido como Baby P, o menino sofreu mais de 50 ferimentos antes de sua morte

BBC
BBC Geral
postado em 07/05/2022 18:31 / atualizado em 07/05/2022 18:32
ITV News - Peter Connelly morreu após meses de abuso -
ITV News - Peter Connelly morreu após meses de abuso -

Uma mãe acusada pela morte de seu filho de 17 meses no Reino Unido pode ser libertada da prisão semanas depois de o Conselho de Liberdade Condicional britânico decidir a seu favor.

Tracey Connolly foi presa em 2009 depois de admitir ter causado ou permitido a morte do filho, Peter, em sua casa em Tottenham, norte de Londres, em 2007.

Conhecido publicamente no Reino Unido como Baby P, o menino sofreu mais de 50 ferimentos antes de sua morte.

O secretário de Justiça britânico, Dominic Raab, condenou a decisão do Conselho de conceder a liberdade condicional à Connolly e disse que o órgão precisava de uma "revisão".

Raab, que pediu ao Conselho de Liberdade Condicional para reconsiderar a decisão tomada em março, descreveu as ações de Connelly, agora com 40 anos, como "pura maldade".

"A decisão de libertá-la demonstra por que o conselho de liberdade condicional precisa de uma revisão fundamental, incluindo uma verificação ministerial para os infratores mais graves, para que sirva e proteja o público", disse ele.

Tracey Connelly
Met Police
Tracey Connelly confessou ter sido responsável pela morte do filho

A revisão do caso de Connelly pelo Conselho de Liberdade Condicional foi concluída em março. Essa foi a quarta vez que o órgão reviu a sentença da britânica desde que ela foi presa em 2009.

Ela já havia ganhado o direito de deixar a prisão sob liberdade condicional em 2013, mas foi presa novamente em 2015 por violar as condições da pena.

O Conselho de Liberdade Condicional também reavaliou seu caso em 2015, 2017 e 2019, mas se recusou a libertá-la ou transferi-la para o regime aberto.

Após a mais recente decisão do Conselho de conceder a liberdade condicional a Connely, Dominic Raab pediu que o órgão reexaminasse sua decisão.

'A decisão original está mantida'

Mas o conselho reafirmou sua deliberação e determinou a manutenção da decisão original.

Um porta-voz do Conselho de Liberdade Condicional disse em um comunicado: "Após o pedido de reconsideração do secretário de Estado, um juiz decidiu que a decisão tomada por membros independentes do Conselho de Liberdade Condicional não era irracional, conforme declarado no pedido de reconsideração, e a decisão original está mantida."

Após deixar a prisão, Connelly estará sujeita a restrições de movimento, atividades e contatos com pessoas específicas. Ela recebeu ainda uma lista de 20 condições extras que deve seguir.

Entre elas está a obrigação de morar em um endereço específico, usar um chip eletrônico de monitoramento, cumprir um toque de recolher e informar a Justiça sobre todos os seus relacionamentos pessoais.

Seu uso da internet e de um telefone também será monitorado. Ela foi informada de que não pode ir a determinados lugares para "evitar contato com vítimas e proteger crianças".

O caso

O bebê Peter morreu em 3 de agosto de 2007 quando estava sob os cuidados de sua mãe, bem como de seu namorado, Steven Barker, e seu inquilino Jason Owen, que era irmão de Barker.

Além de Connelly, Barker foi condenado à prisão perpétua com uma pena mínima de 10 anos por estuprar uma menina de dois anos. Ele recebeu ainda uma segunda pena de 12 anos por seu papel na morte de Peter.

Já Owen recebeu uma sentença indefinida com um prazo mínimo de três anos de prisão, posteriormente aumentada para um prazo fixo de seis anos.

Nos últimos oito meses de sua vida, Peter recebeu 60 visitas de assistentes sociais, policiais e profissionais de saúde por denúncias sobre os cuidados de sua família. Connelly foi, inclusive, presa em duas ocasiões, em 2006 e 2007, após a identificação de hematomas no rosto e corpo do bebê

O governo britânico havia classificado a situação do bebê como em risco.

Uma série de análises feitas após sua morte identificou que as autoridades perderam diversas oportunidades de salvar a vida da criança se tivessem agido corretamente após os muitos sinais de alerta.


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