Guerra no Leste Europeu

Finlândia e Suécia dão passos históricos rumo à Otan

De acordo com a agência de notícias France-Presse, o Parlamento da Finlândia deve discutir o projeto de adesão ainda nesta segunda-feira (16/5), mas a imensa maioria dos congressistas avaliza a proposta

Rodrigo Craveiro
postado em 16/05/2022 06:00
 (crédito: Alessandro Rampazzo/AFP)
(crédito: Alessandro Rampazzo/AFP)

A contragosto da Rússia, a Finlândia e a Suécia deram passos históricos para a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O governo finlandês anunciou, oficialmente, o desejo de entrar na aliança militar ocidental. Com a decisão, Helnsique rompe com a política de neutralidade militar, depois de 75 anos. "É um dia histórico. Começa uma nova era", declarou o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, em coletiva ao lado da primeira-ministra, Sanna Marin. No mesmo dia, o Partido Social Democrata, que lidera o Suécia, aprovou a candidatura do país à Otan. As manobras diplomáticas das duas nações do norte da Europa ocorrem a pouco menos de três meses da invasão da Ucrânia pela Rússia. 

De acordo com a agência de notícias France-Presse, o Parlamento da Finlândia deve discutir o projeto de adesão ainda nesta segunda-feira (16/5), mas a imensa maioria dos congressistas avaliza a proposta. A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, defendeu que uma candidatura conjunta com a Finlândia "é o melhor para a Suécia e para a sua segurança". A premiê discursará no Parlamento, ainda hoje, e lutará pela garantia de "amplo apoio para a candidatura à Otan". Andersson fez questão de frisar que seu país não busca provocar Moscou. "Acreditamos que a adesão à Otan seja boa para a Suécia. Não é contra a Rússia", esclareceu.

Em entrevista ao Correio, Charly Salonius-Pasternak — especialista do Programa de Segurança Global do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais (FIIA) — classificou o anúncio de hoje como "imensamente histórico e simbólico". "Ele foi feito no Dia da Lembrança, na Finlândia, quando se presta tributo aos mortos nas guerras. Muitos veteranos desejam que as futuras gerações não tenham que lutar sozinhas. É algo histórico, porque a Finlândia tem discutido a adesão à Otan por décadas. Mas, sempre, 60% a 70% dos cidadãos têm se oposto à candidatura. Nos últimos quatro a cinco meses essa tendência mudou e os finlandeses passaram a apoiar a entrada na aliança militar", explicou. 

Segundo Salonius-Pasternak, a decisão exigirá uma mudança cultural estratégica na Finlândia. "Em algum momento no futuro, construiremos relações com a Rússia. Os políticos finlandeses afirmaram que a confiança em Moscou evaporou-se desde a invasão à Ucrânia. Deve demorar décadas até que a confiança se restabeleça." Ele lembra que, durante a Guerra Fria, a neutralidade finlandesa foi uma ferramenta que permitiu a Helsinque se aproximar do Ocidente, em termos econômicos e de livre mercado", disse. 

Turquia

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, assegurou que a Turquia não tem a intenção de bloquear a adesão da Finlândia e da Suécia à organização. "(A entrada na Otan) Será mais rápida do que vimos antes", prometeu. Stoltenberg expressou otimismo em relação a uma vitória da Ucrânia no conflito. "A guerra da Rússia na Ucrânia não está saindo como Moscou planejou. Ees falharam em tomar Kiev. Também estão se retirando do entorno de Kharkiv e sua grande  ofensiva no Donbass (leste) se estagnou." 

 

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