NA JUSTIÇA

Volkswagen acusada de praticar 'escravidão' durante ditadura no Brasil

A Volkswagen foi intimada a comparecer no dia 14 de junho a um tribunal do trabalho em Brasília para explicar o caso

Agence France-Presse
postado em 29/05/2022 20:58
 (crédito: JENS SCHLUETER)
(crédito: JENS SCHLUETER)

O grupo alemão Volkswagen, segundo maior fabricante de automóveis do mundo, enfrenta novas acusações relacionadas à ditadura no Brasil, mas desta vez por práticas de "escravidão" entre 1974 e 1986, publicaram neste domingo(29) vários meios de comunicação alemães.


De acordo com a rede pública de televisão ARD e o jornal Süddeutsche Zeitung, a Volkswagen foi intimada a comparecer no dia 14 de junho a um tribunal do trabalho em Brasília.


Questionado pela AFP, um porta-voz da Volkswagen garantiu que a empresa levou este caso "muito a sério" e os "possíveis incidentes" que teriam ocorrido "e nos quais se baseiam as investigações das autoridades judiciais brasileiras".


Os fatos teriam ocorrido entre 1974 e 1986, quando vigorava a ditadura no Brasil (1964 a 1986). Os funcionários do grupo durante esse período reivindicam indenizações há vários anos, mas até agora sem sucesso.

Tráficos de pessoas 

Segundo a mídia alemã, as denúncias examinadas pela justiça brasileira alegam que a montadora utilizou “práticas análogas à escravidão” e “tráfico de pessoas” e acusam o grupo de ter sido cúmplice de “violações sistemáticas de direitos humanos”.


Na época, o projeto do grupo era construir um grande sítio agrícola nas margens do Amazonas para o comércio de carnes, a "Companhia Vale do Rio Cristalino".


Para isso, centenas de diaristas e trabalhadores temporários foram contratados por meio de intermediários para trabalhos de desmatamento em 70.000 hectares de terra.


Segundo a mídia alemã, é provável que a direção da empresa tenha consentido com essas contratações. A imprensa, que consultou mais de 2.000 páginas de depoimentos e relatórios policiais, indica que os trabalhadores às vezes eram maltratados por intermediários e guardas armados.


Entre os documentos estão depoimentos sobre maus tratos a trabalhadores que tentaram fugir e até desaparecimentos suspeitos. A esposa de um trabalhador foi estuprada como punição, de acordo com a mídia alemã.


Uma mãe ainda afirma que seu filho morreu como resultado do abuso.


A Volkswagen já enfrentou a justiça brasileira no passado pela época da ditadura.


Em 2020, o grupo concordou em pagar 36 milhões de reais para indenizar famílias de ex-trabalhadores torturados ou mortos nesse período.


Os ex-funcionários e suas famílias disseram que o serviço de segurança da VW no Brasil colaborou com os militares para identificar possíveis suspeitos, que foram detidos e torturados. Esta colaboração foi confirmada por um relatório independente solicitado pela empresa em 2016. 

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