Kiev, Ucrânia - A Ucrânia afirmou neste sábado (25/6) que um "bombardeio maciço" com mísseis russos atingiu o seu território e que foi lançado a partir de Belarus, aliada do Kremlin que, apesar de prestar apoio logístico a Moscou, não está oficialmente envolvida no conflito, que entrou no seu quinto mês.
"Um bombardeio maciço de mísseis atingiu a região de Chernihiv", disse o Comando Norte das tropas ucranianas. "Vinte foguetes atingiram a cidade de Desna, lançados do território bielorrusso [e também] do ar", afirmou, acrescentando que os ataques atingiram a infraestrutura, mas não deixaram vítimas.
Apesar de não estar envolvida no conflito com a Ucrânia, Belarus forneceu apoio logístico às tropas de Moscou, especialmente nas primeiras semanas da ofensiva russa, que começou em 24 de fevereiro.
"O bombardeio de hoje está diretamente relacionado aos esforços do Kremlin para atrair Belarus para a guerra na Ucrânia como co-beligerante", disse a direção-geral dos serviços de inteligência ucranianos, sob o Ministério da Defesa, no Telegram.
O ataque ocorre antes da reunião deste sábado entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko, em São Petersburgo.
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Os aliados ocidentais da Ucrânia, por outro lado, se reunirão a partir de domingo em uma cúpula do G7 - as maiores economias do mundo - na Alemanha. Diante de um conflito que corre o risco de se prolongar no tempo, os membros da Otan, da qual a Ucrânia não faz parte, se reunirão em Madri na próxima semana.
Severodonetsk e Lysychansk
Durante essas reuniões, os países ocidentais farão um balanço da eficácia das sanções impostas à Rússia e a Belarus e estudarão uma possível nova ajuda à Ucrânia.
Neste sábado, o governo espanhol anunciou um novo plano de ajudas diretas à Ucrânia de 9 bilhões de euros. O presidente do Governo, Pedro Sánchez, afirmou em coletiva de imprensa que, somadas a um primeiro pacote de medidas de 6 bilhões de euros aprovado em março, essas ajudas diretas representariam, até o final do ano, cerca de 15 bilhões de euros, "mais de um ponto do Produto Interno Bruto (PIB)".
Kiev insiste que precisa de mais armas para neutralizar o avanço das tropas russas e "estabilizar" a situação no Donbass, no leste, onde estão ocorrendo intensos combates. Isso "nos permitirá estabilizar a situação na região mais ameaçada de Luhansk", disse o comandante-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhnyi, na sexta-feira.
A situação é especialmente difícil na cidade industrial de Severodonetsk, bombardeada por Moscou durante semanas e onde as tropas ucranianas receberam ordens para se retirar na sexta-feira. "(...) 90% da cidade está danificada, 80% das casas terão que ser demolidas", disse o governador da região de Luhansk, onde está localizada a cidade.
As forças de Moscou também estão concentrando sua ofensiva na vizinha Lysychansk, que está quase cercada. A situação é sombria para os habitantes que decidiram ficar.
Liliya Nesterenko explica que sua casa não tem gás, água e eletricidade, então ela cozinha com sua mãe em uma fogueira. No entanto, esta jovem de 39 anos está otimista. "Acredito em nosso exército ucraniano, eles devem [ser capazes de] enfrentar [os russos]", afirma.
Tanto Severodonetsk quanto Lysychansk são fundamentais para controlar o leste da Ucrânia, controlado parcialmente por separatistas pró-russos desde 2014.
Especialistas enfatizam que a retirada dos soldados ucranianos de Severodonetsk não significa necessariamente uma mudança fundamental no terreno.
"Guerra lenta"
"A visão geral - uma guerra lenta de posições entrincheiradas - quase não mudou", disse à AFP Ivan Klyszcz, pesquisador da Universidade Estoniana de Tartu.
"A retirada provavelmente foi planejada com antecedência e pode ser considerada tática", disse ele, enfatizando que a resistência ucraniana permitiu que Kiev consolidasse sua retaguarda.
As forças ucranianas estão consolidando "suas forças em posições onde podem se defender melhor", afirmou uma autoridade do Pentágono dos Estados Unidos sob condição de anonimato.
Mikolaivka, por exemplo, a cerca de 20 km a sudoeste de Lysychansk, já está nas mãos do exército russo, segundo o governador Gaidai. E agora eles estão tentando "conquistar Hirske", uma cidade vizinha, acrescentou.
Mais ao sul, em Donetsk, a outra região que junto com Luhansk compõe o Donbass, "nenhuma cidade" na área é "segura", disse seu governador Pavlo Kyrylenko, na quinta-feira.
A Rússia alegou ter matado "até 80" combatentes poloneses em um bombardeio nesta área, especificamente em Konstantinovka, disse o Ministério da Defesa russo neste sábado. No norte da Ucrânia, a Rússia também intensificou seus ataques a Kharkiv nos últimos dias, onde explosões foram ouvidas no início deste sábado.
Nas últimas semanas, as forças ucranianas tentaram recuperar cidades perdidas no sul. Em Kherson, por exemplo, sob controle russo, um alto comando instalado por Moscou morreu em um ataque com explosivos colocados em seu carro, segundo um oficial pró-Rússia.
"Fraqueza" da Rússia
A invasão russa da Ucrânia chega ao seu quinto mês sem sinais de terminar tão cedo. Na quinta-feira, os líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia concordaram em dar à Ucrânia o status de candidato à adesão ao bloco, um momento simbólico comemorado por seu presidente Volodimir Zelensky.
Mas para o governo russo, a decisão é uma manobra ocidental para conter Moscou geopoliticamente. A decisão "confirma que a tomada do espaço da CEI [Comunidade de Estados Independentes, que agrupa várias ex-repúblicas soviéticas] continua ativamente, a fim de conter a Rússia", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
Essas condenações do Kremlin apenas "mostram a fraqueza" da Rússia, reagiu o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, no Twitter.
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