Washington, Estados Unidos - Os defensores do direito ao aborto estão se preparando para protestar nos Estados Unidos neste sábado (25/6), no segundo dia de protestos contra a decisão da Suprema Corte, enquanto os estados conservadores começam a proibir o aborto.
O país vive uma nova polarização, entre os estados que já negam ou se preparam para negar o direito ao aborto, vigente há 50 anos, e os que o mantêm.
Dezenas de novos protestos ocorrerão neste sábado, após os já realizados na sexta-feira, a grande maioria pacífica, embora a polícia tenha disparado gás lacrimogêneo contra manifestantes em Phoenix, Arizona, e grupos antidistúrbios dispersaram manifestações no centro de Los Angeles.
Muitos temem que a Suprema Corte, que desde o mandato de Donald Trump tem uma clara maioria conservadora, possa agora focar no direito ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ou à contracepção.
Pelo menos oito estados de direita já impuseram proibições ao aborto e um número semelhante fará o mesmo nas próximas semanas depois que o tribunal derrubou as proteções constitucionais para o procedimento, atraindo críticas de alguns dos aliados mais próximos do aborto.
A Suprema Corte anulou o histórico Roe v. Wade, que consagrou o direito da mulher ao aborto em nível federal em 1973, permitindo que cada estado promulgasse sua própria legislação sobre o assunto.
O presidente Joe Biden, que chamou essa decisão de "erro trágico" decorrente da "ideologia extremista", falou novamente neste sábado de manhã depois de assinar uma lei de controle de armas.
"Sei como esta decisão é dolorosa e devastadora para muitos americanos", disse ele na Casa Branca. "Meu governo se concentrará em como é administrada e se outras leis estão sendo violadas."
Na sexta-feira, Biden pediu ao Congresso que restaure as proteções ao aborto como lei federal, dizendo que Roe estará "nas urnas" nas eleições de novembro.
"Tudo nos foi tirado"
Centenas de pessoas se manifestaram em Washington na noite de sexta-feira em frente à Suprema Corte, que foi cercada anteriormente.
No Missouri, que assim que a decisão do tribunal foi tomada para proibir o aborto em todos os casos, manifestantes se reuniram na noite de sexta-feira em St. Louis do lado de fora da última clínica de aborto do estado.
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Pamela Lukehart, de 68 anos, conteve as lágrimas ao relembrar como eram as coisas antes da legalização do aborto: "Naquela época, as mulheres morriam fazendo abortos", disse à AFP com a voz embargada. "Estávamos tentando proteger os direitos das mulheres, a vida das mulheres, e agora tudo nos foi tirado", acrescentou.
Vinte estados devem restringir severamente ou proibir e criminalizar o aborto. Nesses territórios, as mulheres terão que continuar a gravidez, fazer um aborto clandestino, obter pílulas abortivas ou viajar para outro estado onde ainda seja legal.
Embora a decisão represente uma vitória para a direita religiosa, os líderes do movimento conservador, em grande parte cristão, disseram que não vai longe o suficiente e que pressionarão pela proibição do aborto em todo o país.
Vários estados governados por democratas, prevendo um afluxo de pacientes, já tomaram medidas para facilitar o aborto e três deles (Califórnia, Oregon e Washington) publicaram uma declaração comum para defender o acesso a essas intervenções.
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