Estados Unidos

Após tiroteio em pleno Dia da Independência, Biden promete lutar contra armas

Atirador dispara contra multidão durante desfile de celebração do Dia da Independência, em Highland Park, a 43km de Chicago. Ao menos 6 pessoas morrem e 26 ficam feridas. Biden se diz "impactado" e promete lutar contra armas. Testemunhas falam ao Correio

Rodrigo Craveiro
postado em 05/07/2022 06:00
 (crédito: Jim Vondruska/Getty Images/AFP)
(crédito: Jim Vondruska/Getty Images/AFP)

Assim que escutou os tiros, às 10h14 (12h14 em Brasília), Alexander Sandoval, 39 anos, imaginou tratar-se da Marinha saudando a bandeira dos Estados Unidos. Era manhã de sol em Highland Park e a cidade de 30 mil habitantes, situada a 43km de Chicago, celebrava o Dia da Independência dos Estados Unidos com a tradicional parada. "Vi as pessoas caindo e outras correndo. Agarrei meu filho, de 5 anos, e o meu irmão, de 4, e começamos a fugir. Minha namorada fez o mesmo com a filha, de 6 anos", contou ao Correio. Alexander tentou quebrar a porta de uma loja para buscar abrigo. Tomado pelo pânico, teve uma reação instintiva. "Escondi meu filho e meu irmão dentro de uma lata de lixo", afirmou. Quando voltou para procurar a namorada e a enteada, viu mortos e feridos. Do telhado de um estabelecimento comercial, um atirador disparou com um rifle de alta potência contra a multidão, antes de fugir.

Até o fechamento desta edição, seis pessoas tinham morrido e pelo menos 26 haviam sido hospitalizadas. A faixa etária dos feridos varia dos 8 aos 85 anos. Uma das vítimas, Nicolas Toledo, 76 anos, estava em uma cadeira de rodas, na calçada, quando foi atingido por três balas, e morreu na hora. O presidente dos EUA, Joe Biden, se disse "chocado" com a "violência armada sem sentido que mais uma vez trouxe dor a uma comunidade americana neste Dia da Independência". "Não vou deixar de lutar contra a epidemia de violência armada", prometeu.

Por volta das 21h de ontem (hora de Brasília), a polícia confirmou a prisão de uma "pessoa de interesse" no caso, identificada como Robert E. Crimo III, 22 anos. Uma viatura localizou Robert, dentro de um carro, no norte de Chicago. Após uma breve perseguição, ele acabou detido sem oferecer resistência.

Os agentes encontraram "provas de armas de fogo" em um telhado próximo. Porta-voz da Força-Tarefa de Crimes Graves do condado de Lake, Christopher Covelli disse que o criminoso era "discreto" e "muito difícil de ver". Até o fechamento desta edição, as autoridades desconheciam as motivações do atentado. "Este assassino será levado à Justiça", avisou o governador de Illinois, J.B. Pritzker. 

Alexander classifica como "aterrorizante" o que viveu na manhã de ontem. "Era como uma batalha. Gente gritando e correndo. Havia duas pessoas no chão, deitadas sobre poças de sangue. Eu vi um garotinho carregado pela polícia. Acho que estava morto", relatou, ao acrescentar que escutou entre 20 e 30 tiros. "Ele recarregou a arma", garantiu. Mais tarde, a rede de TV CNN anunciou que uma criança foi transportada para o hospital em estado crítico. Ao longo do percurso da parada, era possível ver carrinhos de bebê, cadeiras e toalhas abandonados às pressas. 

O engenheiro Joseph Hocking e a mulher estavam na parte de baixo da rua e dobravam a esquina. "Não vi nada. Mas escutamos os estrondos altos, que nos confundiram. Foi então que percebemos que as pessoas corriam, em pânico, e fomos até uma área mais protegida, nas imediações", afirmou à reportagem. "É triste e enfurecedor que coisas assim continuem a ocorrer", lamentou. O webdesigner Gage O'Laughlin, 26 anos, contou ao Correio que estava longe do atirador e, assim que ouviu os disparos, correu e conseguiu pegar um atalho até o seu apartamento. "Imaginei que o atirador estivesse correndo atrás da parada, e não posicionado sobre o telhado. O barulho que ouvi parecia rajada de metralhadora." Gage acredita que mais de mil pessoas prestigiavam o desfile.

Por sua vez, o jornalista Hunter Stuart publicou no Twitter que fugiu do local com as duas filhas pequenas nos braços. "Nós nos separamos de minha esposa e nos escondemos atrás de um carro. Depois, nos abrigamos no apartamento de bons samaritanos durante cinco horas, de onde observamos as equipes da Swat através das janelas. Nós estamos todos bem, mas muito nervosos", escreveu. 

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