Oriente Médio

Irã tem a 'capacidade' de fabricar a bomba atômica, diz alto funcionário

Kamal Kharrazi acrescentou que o Irã realizou "amplas manobras para poder atingir Israel em profundidade se suas instalações sensíveis forem tidas como alvos".

Agence France-Presse
postado em 17/07/2022 20:06 / atualizado em 17/07/2022 20:47
Estudantes iranianos protestam na capital Teerã, em 16 de julho de 2022, contra as visitas do presidente dos EUA a Israel e Arábia Saudita -  (crédito: ATTA KENARE / AFP)
Estudantes iranianos protestam na capital Teerã, em 16 de julho de 2022, contra as visitas do presidente dos EUA a Israel e Arábia Saudita - (crédito: ATTA KENARE / AFP)

O Irã "tem as capacidades técnicas de fabricar uma bomba atômica", declarou neste domingo (17/7) Kamal Kharrazi, presidente do Conselho Estratégico de Relações Internacionais, subordinado ao ministério de Relações Exteriores iraniano, assegurando que Teerã não tomou a decisão de fazê-lo.

Em declarações à emissora Al-Jazeera, publicadas no site da TV catariana, ele acrescentou que o Irã realizou "amplas manobras para poder atingir Israel em profundidade se suas instalações sensíveis forem tidas como alvos".

Kharrazi, ex-ministro de Relações Exteriores durante o governo do presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005), assegurou, no entanto, que seu país não "tomou a decisão de fabricar uma bomba atômica".

Israel, que considera o Irã seu inimigo número um, se opõe ao relançamento do acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano - com vistas a impedir a República islâmica de desenvolver a bomba atômica em troca da suspensão de sanções asfixiantes contra sua economia -, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018.

O Irã e Israel, considerado por especialistas como a única potência nuclear do Oriente Médio, travam também uma "guerra nas sombras" sobretudo a base de ciberataques, ataques marítimos ou acusações de assassinatos.

As declarações de Kharrazi vêm à tona enquanto as negociações para o relançamento do acordo de 2015 entre Teerã e as grandes potências, das quais os Estados Unidos participam, estão estagnadas desde março.

Também ocorrem no dia seguinte ao fim da primeira visita ao Oriente Médio do presidente americano, Joe Biden, que assinou na quinta-feira, em Israel, com o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, um pacto de segurança comprometendo os Estados Unidos a nunca permitirem que o Irã adquira uma arma nuclear.

Este pacto é "um forte sinal da farsa e da hipocrisia" dos Estados Unidos, que "fecham os olhos ao regime sionista, enquanto [...] o maior detentor do arsenal de armas nucleares na região", reagiu neste domingo o porta-voz do ministério iraniano de Relações Exteriores, Nasser Kanani.

O Irã sempre negou desejar desenvolver a bomba atômica.

 

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