Reino Unido

Dois candidatos disputam vaga de premiê do Reino Unido

Na votação entre os parlamentares para a escolha dos dois candidatos finais ao posto de chefe de governo, Sunak contou com 137 votos contra 113 para Truss

Rodrigo Craveiro
postado em 21/07/2022 06:00
 (crédito: Hannah McKay/AFP)
(crédito: Hannah McKay/AFP)

De um lado, Rishi Sunak, 42 anos, britânico de ascendência indiana, ex-ministro das Finanças, formado em política, filosofia e economia pela renomada Universidade de Oxford. De outro, Liz Truss, 46, ministra das Relações Exteriores desde 2021 e ex-ministra da Justiça; graduada em filosofia, política e economia pelo Merton College. Um deles será o próximo líder do Partido Conservador e, por consequência, premiê do Reino Unido. Na votação entre os parlamentares para a escolha dos dois candidatos finais ao posto de chefe de governo, Sunak contou com 137 votos contra 113 para Truss. A ministra do Comércio Exterior, Penny Mourdant, obteve 105 votos e acabou eliminada. Os dois disputarão os votos por correspondência dos 200 mil integrantes do Partido Conservador. O nome do novo primeiro-ministro deverá ser referendado em 5 de setembro.  

Em entrevista ao Correio, Anthony Glees, professor emérito da Universidade de Buckingham, disse acreditar que Sunak seria melhor para o Reino Unido do que Truss. "Enquanto Sunak é de centro-direita, Truss é de uma direita dura. Sunak entende que a inflação deve ser contida, enquanto Truss diz que os impostos precisam ser reduzidos, o que significa mais dinheiro na economia e mais empréstimos. Isso signficaria aumentar a inflação."

Segundo Glees, Sunak sempre acreditou no Brexit — o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia —, mas percebe que a economia britânica deve evitar ainda mais atritos com o bloco. "Truss queria que o Reino Unido permanecesse na UE, mas, como o premiê demissionário Boris Johnson, assimilou a pressão dos parlamentares. Tanto Sunak quanto Truss eram seguidores servis de Johnson. No entanto, Sunak teve que renunciar, não por causa da política do governo, mas devido à própria personalidade de Johnson", observou.

Apesar de citar Sunak como a melhor opção, Glees acha que Truss será a escolhida. Ele duvida que os 180 mil integrantes do Partido Conservador votem em um milionário hindu de ascendência indiana e lembra que a esposa de Sunak, Akshata Murty, é mais rica do que a rainha Elizabeth II. "As pesquisas apontam uma vitória de Truss. Ela é a candidata da continuidade ao governo de Boris  Johnson. O caos induzido pelo Brexit continuará a moldar a política do Reino Unido até as eleições gerais", concluiu Glees. 

Pragmatismo

Professor de política da Universidade de Manchester, Nick Turnbull lembrou à reportagem que Sunak se apresenta como pragmático, como uma opção mais palatável para o atual momento do Reino Unido, além de destacar o seu histórico como ministro das Finanças. "Mas ser premiê é mais do que apenas gerenciar a economia. Ele afirma ser o melhor colocado para vencer a eleição, mas acho dícil que seja visto como muito popular entre eleitores não alinhados."

De acordo com Turnbull, Truss se coloca como thatcherista, adepta de um governo reduzido e de impostos mais baixos. "Isso não é algo convincente, e apenas agrada aos membros do Partido Conservador. Enquanto Sunak é mais popular entre os parlamentares, Truss detém a preferência dos integrantes do Partido Conservador. Os dois esperam recuperar confiança da classe média, mas as condições são terrivelmente difíceis."

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02/06/2017. Crédito: Arquivo Pessoal. Andrew Blick, diretor de História e Política do King's College London.
02/06/2017. Crédito: Arquivo Pessoal. Andrew Blick, diretor de História e Política do King's College London. (foto: Arquivo Pessoal)

"Suspeito que Liz Truss seria mais firmemente comprometida com a agenda da direita populista do partido — redução de impostos e posição mais dura em relação ao Protocolo da Irlanda do Norte. Sunak provavelmente tomaria uma abordagem mais cautelosa; por exemplo, não reduziria os impostos tão rapidamente. É por isso que ele tem menos chances de ganhar."

Andrew Blick, diretor do Departamento de Economia Política do King’s College London

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