Ante a possibilidade de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, desembarcar em Taipei nas próximas horas, a Casa Branca advertiu a China a não responder de forma exagerada à visita. "Ela tem o direito de visitar Taiwan. Não existe razão para Pequim transformar uma possível visita consistente com as políticas de longa data dos EUA em algum tipo de crise", declarou John Kirby, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança. "A China parece estar se posicionando para tomar mais medidas nos próximos dias. Nada sobre essa visita em potencial mudaria o status quo", acrescentou. Pequim considera a ilha democrática parte inalienável de seu território.
Kirby não descartou "provocações militares", como disparos de mísseis no Estreito de Taiwan ou ao redor de Taiwan. Também citou "entradas aéreas em grande escala" na zona de defesa aérea taiwanesa.
A China advertiu que o Exército de Libertação Popular — o conjunto das forças militares do país — não ficará de "braços cruzados" ante o que vê como uma provocação. "A vontade do povo não pode ser desafiada, e aqueles que brincam com fogo perecerão", avisou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian.
Segundo ele, uma passagem de Pelosi por Taiwan "consistiria em interferência grosseira nos assuntos internos chineses, minaria a soberania e a integridade territorial da China, atropelaria o princípio de 'Uma única China' e afetaria as relações sino-americanas". Lijian avisou que "a China adotará contramedidas firmes e decididas para defender sua soberania e integridade".
Em Cingapura, Pelosi se reuniu com o premiê Lee Hsien Loong, que defendeu uma relação estável entre China e EUA. Ela visitará Malásia, Coreia do Sul e Japão. As tevês CNN (Estados Unidos) e TVBS (Taiwan) afirmaram que a política incluiu Taiwan na agenda.
Diretora do Programa Ásia do think tank German Marshall Fund of the United States (em Washington), Bonnie Glaser disse ao Correio que considera "muito improvável" que a China dispare contra o avião de Pelosi. "Os chineses evitarão um gesto potencialmente escalador da tensão. Mas poderiam usar a viagem como desculpa para sobrevoar o espaço aéreo de Taiwan, algo sem precedentes." (RC)
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"As relações entre Estados Unidos e China são altamente acrimoniosas. A desconfiança mútua está em alta o tempo todo. A visita provavelmente confirmará ainda mais as suspeitas de Pequim de que os EUA estão usando Taiwan como arma contra a China, tentando conter a ascensão chinesa e enfraquecer o regime do Partido Comunista Chinês."
Bonnie Glaser, diretora do Programa Ásia do think tank German Marshall Fund of the United States (em Washington)