Vaticano

Dois dos 20 novos cardeais nomeados pelo Papa são brasileiros

Seguindo na linha da qual acredita, de ter uma igreja mais social e menos europeia, Francisco escolheu também nomes de outros países americanos e também de africanos e asiáticos

Em cerimônia neste sábado (27/8), o papa Francisco recebeu a posse de 20 novos cardeais, incluindo dois brasileiros, um do Amazonas e outro do Distrito Federal. As novas posses acontecem em meio a especulações, em especial sobre a saúde do pontífice de 85 anos, que enfrenta as dificuldades a idade e sofre com dores no joelho direito que o obrigam a usar uma cadeira de rodas

Há alguns meses, Francisco falou abertamente sobre a possibilidade de renúncia, no entanto descartou que ela acontecerá por agora. A posse dos 20 nomes prepara terreno para o futuro da Igreja Católica. 16 dos 20 empossados tem menos de 80 anos e por isso possuem direito a voto no conclave para a eleição de seu sucessor.

A cerimônia ocorreu às 16h (11h no horário de Brasília) com a presença de religiosos de todo o mundo. Eles foram convocados para uma reunião paralela e inédita de dois dias, que ainda vão acontecer na segunda-feira (29/8) e terça-feira (30/8).

Com a posse dos novos cardeais, Francisco inclui na lista de possíveis sucessores religiosos sensíveis aos problemas sociais, procedentes de regiões distantes, onde a Igreja é minoritária ou está em crescimento. 

Quatro cardeais latino-americanos estão entre os escolhidos: Os dois brasileiros Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus e primeiro cardeal da região amazônica, e Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, o paraguaio Adalberto Martínez Flores, arcebispo de Assunção e o colombiano Jorge Enrique Jiménez Carvajal, que tem mais de 80 anos e não poderá participar em uma eleição do futuro pontífice.

Alberto PIZZOLI/AFP - Papa Francisco fala com Monsenhor Fortunato Frezza (E) depois que ele o elevou ao posto de Cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Alberto PIZZOLI/AFP - O Papa Francisco fala com o Padre Gianfranco Ghirlanda (E) depois que ele o elevou ao posto de Cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Alberto PIZZOLI/AFP - Papa Francisco fala com Monsenhor Arrigo Miglio (E) depois que ele o elevou ao posto de Cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Alberto PIZZOLI/AFP - Papa Francisco fala com monsenhor William Seng Chye Goh (esquerda) depois que ele o elevou a cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Alberto PIZZOLI/AFP - Papa Francisco fala com Monsenhor Leonardo Ulrich Steiner (E) depois que ele o elevou a Cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Alberto PIZZOLI/AFP - Papa Francisco fala com Monsenhor Paulo Cezar Costa (E) depois que ele o elevou a Cardeal durante um consistório para criar 20 novos cardeais, em 27 de agosto de 2022 na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

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Futuro da Igreja

Os novos cardeais "representam a Igreja de hoje, com uma forte presença do hemisfério sul, onde vivem 80% dos católicos", destacou o vaticanista Bernard Lecomte.

Ao final de seu oitavo consistório, quase um para cada ano de papado, já que em março de 2023 completará 10 anos à frente da Igreja, Francisco será responsável pela designação de 83 cardeais do total atual de 132 eleitores, quase dois terços do grupo. Vale lembrar que para a eleição de um papa é preciso a maioria de dois terços. 

Foram escolhidos cardeais fora da Europa com dois africanos e cinco asiáticos, incluindo dois indianos, confirmando o avanço do continente na Igreja. Entre as nomeações mais notáveis está a do americano Robert McElroy, arcebispo de San Diego, na Califórnia, considerado um progressista por suas posições sobre os católicos homossexuais e o direito ao aborto.

Outra nomeação emblemática é a do missionário italiano Giorgio Marengo, que trabalha na Mongólia. Ele será o cardeal mais jovem do mundo, com apenas 48 anos.

Além disso, três dos escolhidos ocupam cargos na Cúria, o governo central da Igreja: o britânico Arthur Roche, o coreano Lazzaro You Heung-sik e o espanhol Fernando Vérgez Alzaga, presidente do governo do Estado da Cidade do Vaticano.

Inicialmente designado, o belga Lucas Van Looy, de 80 anos, arcebispo emérito de Ghent, pediu a dispensa do título devido às críticas de sua gestão ao escândalo de abusos sexuais por integrantes do clero.

Apesar das nomeações, a Europa continua sendo o continente com maior representação no Colégio Cardinalício com 40% dos representantes, à frente da América do Sul e da Ásia (16% cada), África (13%) e América do Norte (12%).

*Com informações da Agence France-Presse

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