No dia seguinte à fragorosa rejeição ao novo texto constitucional, considerado muito radical, o presidente do Chile, Gabriel Boric, saiu em busca de um entendimento para reformar a atual Carta, em vigor desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Boric convocou todas as forças políticas a participarem das negociações. No entanto, nenhum partido de oposição de direita, que está dividida, confirmou presença. A Presidência realizou reuniões apenas com a coalizão governista e representantes do Congresso.
A derrota do "aprovo" animou o mercado. A Bolsa de Valores do Chile abriu com alta de 3,65% e o peso chileno valorizou 3,2% em relação ao dólar.
O "rejeito" se impôs com 61,86% dos votos frente a 38,14% do "aprovo", após escutar mais de 99,99% dos eleitores — uma participação popular histórica. Apenas em oito de 346 municípios houve maioria em favor da proposta constitucional.
O projeto mantinha uma economia de mercado, mas ambicionava consagrar um novo catálogo de direitos sociais em termos de saúde, aborto, educação e previdência, com ênfase ambiental e "plurinacionalidade" indígena.
A direita, agora, enfrenta tensões entre um setor moderado disposto a continuar com o processo constituinte e outro mais radical, que se recusa a realizar reformas. "Vamos referendar a vontade de que este processo constituinte continue", disse Javier Macaya senador e presidente do ultraconservador partido União Democrata Independente (UDI).
A opção de reformas se choca, porém, com a posição mais rigorosa do ultradireitista Partido Republicano do ex-candidato à Presidência José Antonio Kast, que celebrou o resultado.
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