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A única coisa 100% previsível em relação aos furacões são suas constantes mudanças.
Esses fenômenos atmosféricos — formados com a energia das águas quentes e dos ventos, e comuns em regiões como o Oceano Atlântico — representam um desafio para os cidadãos e para os meteorologistas devido à sua instabilidade.
É necessário acompanhar sua trajetória minuto a minuto por meio de radares e satélites para antecipar seu comportamento e, assim, se preparar para qualquer eventualidade que represente um risco à vida e ao patrimônio.
E uma das mudanças que mais surpreende meteorologistas e especialistas em clima, porque o motivo ainda não está totalmente claro, é a chamada substituição da parede do olho do furacão.
Este evento, que geralmente ocorre em grandes furacões de categoria 3, 4 e 5, pode mudar o efeito de um ciclone quando atinge terra firme.
![Chuvas causadas em Punta Gorda, Flórida, pelo furacão Ian](https://c.files.bbci.co.uk/B908/production/_126886374_gettyimages-1243571343.jpg)
Na terça-feira (27/09), o furacão Ian, um poderoso ciclone de categoria 4 com ventos sustentados de mais de 240 km/h, passou pelo processo de substituição da parede do olho.
Ele fez isso logo após atingir a província de Pinar del Río, em Cuba, e antes de chegar ao Estado da Flórida, nos EUA, onde está causando grandes danos devido aos fortes ventos e uma enorme tempestade.
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A parede do olho
A primeira coisa que você precisa saber é que, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos EUA, estes fenômenos atmosféricos têm uma estrutura que é dividida em três partes: o olho, a parede do olho e as faixas de chuva.
Nas faixas de chuva, há nuvens e fortes trovoadas que se movem em espiral, produzindo ventos e, às vezes, tornados. Já o olho é uma área de relativa calma, um centro em torno do qual giram as faixas de precipitação.
E a parede é justamente a área mais próxima do olho.
"A parede do olho consiste em um anel de altas tempestades elétricas que produzem fortes chuvas e, geralmente, os ventos mais fortes", diz o NHC sobre essa zona dos furacões.
![A circulação dos ventos do furacão Ian fez parte da água da Baía de Tampa recuar, ao se aproximar da costa da Flórida. A água vai regressar com o impacto do furacão](https://c.files.bbci.co.uk/10728/production/_126886376_gettyimages-1428413207.jpg)
As mudanças na estrutura do olho ou de sua parede podem tornar os ventos de um ciclone mais fortes ou mais fracos.
"O olho pode crescer ou diminuir de tamanho, e paredes duplas podem se formar", acrescenta o NHC.
A substituição da parede e seus efeitos
A substituição da parede do olho costuma ocorrer em furacões de maior intensidade, explicou à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, o meteorologista Ernesto Rodríguez, que trabalha no Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos.
Estes ciclones, que vão da categoria 3 a 5 na escala Saffir-Simpson, têm ventos sustentados de mais de 178 km/h.
![Carro passando por rua inundada em Cuba](https://c.files.bbci.co.uk/91F8/production/_126886373_gettyimages-1243571141.jpg)
"O que acontece é que uma parede maior de tempestades elétricas começa a rodear e sufocar o núcleo interno que havia se formado originalmente. O novo anel de tempestades rodeia a parede do olho mais antiga, e esta acaba desaparecendo", explica o especialista.
Quando passam por esse processo, que geralmente acontece enquanto o furacão está em vias de se fortalecer, as tempestades deixam de ganhar força.
"É que passam por ciclos em que o olho vai mudando de diâmetro. A substituição do olho os mantém [os furacões] estáveis, ??e depois eles se intensificam novamente", acrescenta Rodríguez.
O especialista deu como exemplo o furacão Maria, que atingiu Porto Rico em 2017. A tempestade era de categoria 5, com ventos sustentados de 257 km/h, mas durante a substituição da parede do olho, pouco antes de atingir o território, sua força foi reduzida para categoria 4, com ventos de 249 km/h.
![Homem caminhando por rua inundada em Cuba](https://c.files.bbci.co.uk/6AE8/production/_126886372_gettyimages-1243571111.jpg)
Mas quando a substituição da parede do olho termina, essa parte do furacão, que é a mais poderosa e perigosa, acaba com um diâmetro maior.
"Ao expandir o diâmetro do olho, haverá mais áreas que serão impactadas pelos ventos mais fortes", diz Rodríguez.
Isso significa que as áreas mais destrutivas vão atingir mais terras.
O processo de substituição da parede do olho pode ocorrer mais de uma vez.
No caso do furacão Ian, seu olho original tinha 20 milhas náuticas de diâmetro — e após a substituição da parede do olho, ficou 75% maior, com 35 milhas náuticas.
- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63072320
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