Na sala do tribunal do Condado de Broward, em Fort Lauderdale, Nikolas Cruz, 24 anos, não esboçou emoção quando a juíza Elizabeth A. Scherer leu o veredicto do júri, formado por sete homens e cinco mulheres. O atirador que assassinou 14 estudantes e três funcionários da Escola de Ensino Médio Stoneman Douglas, em Parkland (Flórida), em 14 de fevereiro de 2018, será sentenciado à prisão perpetua, sem direito a liberdade condicional. A decisão do júri marcou o fim de um julgamento que durou três meses e revoltou familiares das vítimas, que pediam a pena de morte para o jovem. Muitos pais carregavam as fotos dos estudantes assassinados e não seguraram as lágrimas ao deixarem a sala de audiências. Manuel Oliver — pai de Joaquín, morto por Cruz aos 17 anos — foi representado no tribunal pela mulher, Patricia Padauy, e pela filha, Andrea Ghersi.
Em entrevista ao Correio, ele disse que a sentença foi "injusta" com o filho e com as outras 16 vítimas do atirador. "Se existe legalmente a pena de morte na Flórida, esta seria uma circunstância para sua aplicação. Ele é um assassino confesso, que, de forma deliberada, matou 17 pessoas. Para mim, era mais do que suficiente a adoção da pena máxima", afirmou. "Essa é a lei, e nós seguiremos fazendo o que temos feito o tempo todo. Nós envidaremos todos os esforços em busca de leis melhores e de maiores restrições sobre o mercado de armass."
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Para Oliver, a decisão do júri representa uma "bofetada à justiça". "Isso abre precedente e envia uma mensagem de que se pode matar pessoas e sair, pelo menos, livre da pena de morte", observou, ao relatar que todas as famílias das 17 vítimas vivem uma "espécie de choque". "Estou decepcionado, enquanto pai de Joaquín, mas não triste. Fiquei muito triste quando ele foi assassinado. Foi um momento que marcou a minha vida. O dia de hoje (ontem) não marca a minha vida, mas me ofende", disse.
"Não poderia estar mais decepcionado com o que aconteceu hoje", disse à agência France-Presse Fred Guttenberg, cuja filha de 14 anos, Jaime, foi umas das vítimas. "Estou atordoado. Estou devastado. Há 17 vítimas que hoje não receberam justiça. Este júri falhou com nossas famílias."
"Tínhamos a oportunidade de castigar o assassino confesso com a pena de morte. Esperamos que isso ocorra de alguma forma. Todos sabemos que as prisões são locais muito perigosos e que têm sua própria lei. Como pai, seguirei honrando o meu filho e fazendo o que tenho feito desde o dia em que Joaquín nasceu, que é amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo", disse Manuel Oliver, pai de Joaquín Oliver, 17 anos, uma dasvítimas do massacre.
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