Reino Unido

Reino Unido tem nova disputa pelo poder e Boris Johnson quer retornar

Truss sucedeu Boris Johnson em 6 de setembro, após uma campanha de várias semanas contra Rishi Sunak, e prometeu reformas profundas diante do aumento do custo de vida no país

Agência France-Presse
postado em 21/10/2022 08:24 / atualizado em 21/10/2022 12:46
 (crédito: Daniel LEAL / AFP)
(crédito: Daniel LEAL / AFP)

Londres, Reino Unido- O Partido Conservador britânico iniciou nesta sexta-feira (21/10) uma campanha frenética para definir o sucessor da primeira-ministra demissionária Liz Truss, com boatos de uma provável tentativa de retorno de Boris Johnson ao poder.

A atual ministra britânica das Relações com o Parlamento, Penny Mordaunt, anunciou no Twitter, nesta sexta-feira, sua candidatura ao cargo de premiê do Reino Unido após a renúncia de Liz Truss, que renunciou na quinta-feira após passar apenas 44 dias no cargo, marcados por uma crise econômica desencadeada especialmente por suas próprias decisões.

"Sou candidata a chefe do Partido Conservador e primeira-ministra, para unir nosso país, cumprir nossos compromissos e vencer as próximas eleições legislativas", escreveu a deputada, de 49 anos, ex-ministra da Defesa e do Comércio Internacional.

Se a candidatura de Mourdant - que lutou pelo cargo quando Truss foi eleita - era esperada, a grande surpresa é o possível retorno do ex-primeiro-ministro, Boris Johnson, que está em todas as primeiras páginas da imprensa e começa a ganhar força.

Obrigado a renunciar em julho após uma série de escândalos, o ex-primeiro-ministro tem vários apoios e continua sendo popular nas bases do partido.

O ministro das Empresas, Jacob Rees-Mogg, foi o primeiro membro do atual governo a anunciar seu apoio a Johnson. Depois, o secretário da Defesa, Ben Wallace, fez o mesmo.

"No momento, eu me inclinaria para Boris Johnson", disse ele na televisão, embora tenha acrescentado que o ex-premiê ainda tem "algumas perguntas" a responder sobre seu mandato de três anos.

- Processo acelerado -


"BoJo: Eu voltarei", afirma a manchete do tabloide "The Sun", em referência a um possível retorno de Johnson.

De acordo com o conservador "Daily Telegraph", o antecessor de Truss se apresenta como potencial salvador de um desastre eleitoral. Já o "Daily Mail" afirma que Johnson antecipará sua volta das férias no Caribe.

Mas seu retorno não é garantido, e vários parlamentares conservadores afirmaram que renunciarão se Johnson voltar.

Johnson tem outro obstáculo, pois permanece sob investigação do Parlamento para descobrir se mentiu para a Câmara durante o escândalo do "partygate" e corre o risco de ser suspenso de seu mandato como deputado.

Um dos possíveis concorrentes de Johnson é seu ex-ministro das Finanças, Rishi Sunak, que apressou sua saída do poder, ao renunciar ao cargo.

Na disputa com Truss, Sunak foi o finalista e o preferido dos parlamentares conservadores, mas acabou perdendo na votação da base do partido.

Quem assume as rédeas do país enfrenta um partido oprimido pelas divisões, com a oposição no topo das pesquisas e uma grave crise econômica, com caos nos mercados e uma inflação que chega ao seu ponto mais alto em décadas.

Outras candidaturas podem incluir representantes da ala mais à direita do partido, como Suella Braverman, cuja renúncia como ministra do Interior na quarta-feira precipitou a queda de Truss.

Os candidatos não têm tempo a perder: precisam obter o apoio de pelo menos 100 parlamentares conservadores até as 14h (10h de Brasília) de segunda-feira (24).

Isto limita a disputa ao máximo de três nomes, porque a Câmara dos Comuns tem apenas 357 conservadores.

Os representantes definirão o líder conservador em duas votações. A primeira reduzirá a disputa a duas candidaturas, e a segunda servirá como "indicação" aos membros do partido sobre a opção preferida dos deputados.

Então, a menos que os parlamentares apoiem um único nome, serão os filiados do Partido Conservador que definirão a questão em uma votação virtual na próxima semana.

O portal político Guido Fawkes, que acompanha de perto o apoio dos deputados a cada possível candidato, registrou até a tarde de sexta-feira 73 "votos" para Sunak, 61 para Johnson e 21 para Mordaunt.

- "Novela" -


O Partido Trabalhista e outras legendas da oposição afirmam que os conservadores estão menosprezando o eleitorado.

O líder trabalhista, Keir Starmer, pediu eleições gerais antecipadas, dois anos antes do previsto, e afirmou que o "Reino Unido "não pode ter outro experimento dos conservadores".

"Esta não é apenas uma novela no topo do Partido 'Tory'. Está provocando um enorme dano à reputação do nosso país" e aos meios de subsistência das pessoas, insistiu, no momento em que o país registra uma inflação de 10%.

Muitos analistas consideram que os vencedores das disputas entre os conservadores serão os trabalhistas, que lideram atualmente as pesquisas de intenção de voto.

"Se você é do Partido Conservador precisa acreditar que chegou ao fundo do poço, e a única direção a partir de agora é para cima", disse Tim Bale, cientista político da Universidade Queen Mary, de Londres.

Para Bale, o retorno de Johnson "seria a última piada que o Partido Conservador tentou fazer com o país, e o país não vai rir".

"Temos que sair do buraco em que os conservadores nos colocaram. Isto provavelmente significa uma mudança de governo", afirmou à AFP.

O jornal "Daily Mirror", com tendência de esquerda, foi categórico: "Eleições já".


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