MEIO AMBIENTE

COP27: Negociações seguem tensas em busca de acordo climático

O principal desacordo é sobre um fundo dedicado a "perdas e danos" para compensar os efeitos das mudanças climáticas, que os países em desenvolvimento vêm pedindo há décadas


As negociações sobre um acordo potencialmente histórico na Cúpula do Clima da ONU (COP27) no Egito continuaram durante toda a noite deste sábado (19/11).

A conferência de duas semanas em Sharm el-Sheikh foi estendida depois que nenhum acordo foi alcançado na sexta-feira.

A questão de quem vai pagar por "perdas e danos" causados pelas mudanças climáticas tem sido o maior ponto de discórdia entre os países.

Embora os negociadores tenha dito na noite de sábado que isso havia sido resolvido, nenhum acordo geral foi anunciado.

O Egito, país anfitrião do evento, disse que queria que o acordo fosse fechado antes do final da noite, mas os negociadores disseram a repórteres que um acordo ainda está longe e eles estavam se preparando para outra longa noite.

Essas cúpulas regularmente passam do tempo previsto — e a COP27 está a caminho de se tornar uma das mais longas de todos os tempos.

As negociações continuaram mesmo após o local do evento ser desmontado, e os representantes de alguns países já teriam ido embora, segundo relatos.

O principal desacordo é sobre um fundo dedicado a "perdas e danos" para compensar os efeitos das mudanças climáticas, que os países em desenvolvimento vêm pedindo há décadas.

Se um acordo for fechado, será uma vitória histórica para essas nações, o que pode contribuir para reduzir o fardo de eventos como as recentes inundações no Paquistão e na Nigéria.

Em um movimento dramático, na noite de quinta-feira (17/11), a União Europeia (UE) disse que poderia concordar com isso sob algumas condições — o que provou ser controverso.

A UE argumentou que todos aqueles que pudessem pagar deveriam contribuir para o fundo, incluindo economias emergentes maiores como China, Arábia Saudita e Cingapura.

Isso levantou questões fundamentais para a ONU sobre a definição de países em desenvolvimento.

Um compromisso assumido há 30 anos estipulava que as nações ricas deveriam arcar com mais esforços para reduzir as emissões de carbono.

Mas o cenário mudou muito desde então, e alguns países em desenvolvimento se tornaram muito mais ricos — e contribuintes muito maiores para as emissões.

Representantes dos EUA disseram que estão trabalhando em propostas na conferência para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar os custos das mudanças climáticas.

Mais cedo, a ministra do Clima do Paquistão, Sherry Rehman, disse que os negociadores estavam se aproximando de um resultado positivo.

Outras questões ainda sobre a mesa incluíam metas sobre combustíveis fósseis.

No ano passado, na COP26 em Glasgow, na Escócia — que também durou mais do que o previsto — os países concordaram em "reduzir gradualmente" o uso de carvão.

Houve agora uma proposta para expandir isso para incluir também petróleo e gás.

Há preocupações sobre se a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C acima dos tempos pré-industriais será mantida.

A ONU diz que o aumento da temperatura acima desse nível exporia milhões de pessoas a impactos climáticos potencialmente devastadores.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63692018

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