Alemanha

Membro de grupo que planejou golpe na Alemanha tem empresas no Brasil

No Brasil, seu nome consta como sócio de duas empresas: Solacera e Acera. Ambas continuam funcionando, sendo que a Solacera foi aberta em 2016 e a Acera, em 2006.

Agência Estado
postado em 10/12/2022 10:00
 (crédito: Reprodução/Bundentasg)
(crédito: Reprodução/Bundentasg)

Um dos 25 presos na quarta-feira pela acusação de planejar um golpe para derrubar o governo na Alemanha e instalar um novo regime costumava passar tempo no Brasil e tem pelo menos duas empresas em seu nome em Santa Catarina. A polícia identificou um dos líderes do grupo com planos conspiratórios como Rudiger V.P., a quem a imprensa alemã identificou como Rudiger Wilfred Hans Von Pescatore, um ex-paraquedista que era responsável por recrutar militares para o grupo.

Segundo os jornais alemães, Rudiger tem 69 anos e era paraquedista do Exército antes de ser expulso por venda ilegal de armas dos estoques do antigo Exército da Alemanha Oriental. No Brasil, seu nome consta como sócio de duas empresas: Solacera, com atuação na área de energias renováveis e sede em Blumenau; e Acera, uma consultoria em gestão empresarial com sede em Pomerode. Ambas continuam funcionando, sendo que a Solacera foi aberta em 2016 e a Acera, em 2006.

Segundo a Deutsche Welle, em 2019 alguém que se identificou como Rudiger von P. postou em uma página de um agitador de extrema direita alemão uma mensagem pedindo a "eliminação dos maçons" e acrescentando que "a verdade só estará acessível à humanidade após a mudança do sistema". Ele finalizou dizendo "saudações do Brasil".

O suspeito foi preso com outras 24 pessoas na quarta-feira, 7, por fazer parte de uma organização terrorista interna que planejava derrubar o governo e formar seu próprio Estado. Entre os planos do grupo estava invadir o Parlamento e assassinar seus membros, uma tarefa que seria do braço armado do grupo, comandado por Rudiger, segundo a Promotoria.

Segundo o comunicado do promotor, Rudiger seria líder do grupo em conjunto com Heinrich XIII PR, a quem a imprensa alemã identificou como o príncipe Heinrich XIII, de 71 anos, descendente da Casa de Reuss, uma dinastia real do Estado da Turíngia. O grupo estaria ligado ao movimento Reichsburger (Cidadãos do Reich) e seguiria as teorias da conspiração do QAnon, nos EUA.

Braço armado

Segundo a Promotoria, o grupo foi formado no ano passado e operava sob a convicção de que "a Alemanha é atualmente governada por membros de um chamado Estado profundo" que precisava ser derrubado. Os 25 presos são acusados de se preparar há um ano para tomar o poder e formar um governo, com nomeações já definidas para departamentos de Saúde, Justiça e Relações Exteriores.

O braço armado comandado por Rudiger seria o responsável por um ataque armado ao prédio do Parlamento alemão. Segundo a Promotoria, o grupo estava preparado para usar a violência - incluindo o assassinato de representantes do Estado - para instalar a própria forma de governo que seria liderada pelo autodenominado príncipe. A polícia está investigando se os membros cometeram crime de traição.

O trabalho de Rudiger era, entre outras coisas, o recrutamento de membros, principalmente das Forças Armadas e da polícia. Ele teria recrutado vários soldados da ativa e da reserva, incluindo um membro do Comando das Forças Especiais.

Segundo o comunicado, Rudiger criou uma equipe responsável pelo "recrutamento de novos membros, aquisição de armas e outros equipamentos, o estabelecimento de uma estrutura de comunicação e TI à prova de bugs, a implementação de prática de tiro ao alvo.

Presos

O chefe da polícia federal da Alemanha, Holger Munch, revelou ao canal ARD que o número de suspeitos de integrar ou apoiar o grupo subiu para 54 e ainda pode crescer, mas disse acreditar que eles não representavam um risco real de derrubar o governo.

Nesta sexta, 9, o Ministério Público executou os mandados de prisão para 23 dos 25 suspeitos detidos e pediu a extradição dos outros dois. Além de Rudiger e Heinrich XIII PR, os promotores também identificaram como líder do grupo Birgit Malsack-Winkemann, uma ex-juíza e ex-parlamentar do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), legenda que é investigada pelos serviços de segurança por seus laços com extremistas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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