Reunidos na capital francesa, dezenas de doadores internacionais — entre países e organizações — se comprometeram, ontem, em destinar imediatamente uma ajuda de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 5,6 bilhões) para que a Ucrânia enfrente o iminente inverno boreal, em meio à guerra com a Rússia. Na véspera de Natal, a invasão comandada por Vladimir Putin ao país vizinho completará 10 meses. "É um sinal poderoso de apoio de todo mundo civilizado", celebrou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, ao lado da chanceler da França, Catherine Colonna.
Depois dos encontros realizados em Lugano, Varsóvia e Berlim, a Conferência de Paris teve como preocupação principal neutralizar a estratégia adotada pela Rússia desde outubro de ataque à infraestrutura essencial ucraniana. De acordo com autoridades ocidentais, o objetivo de Moscou é levar sofrimento à população e enfraquecer a resistência.
Dessa forma, quase a metade do valor total das doações será destinada a reparos nos sistemas de fornecimento de energia (415 milhões de euros), de água (25 milhões de euros) e de transportes (22 milhões de euros), que, nos últimos tempos têm sido os alvos preferenciais dos bombardeios. Outros 38 milhões de euros serão usados em alimentação, enquanto 17 milhões de euros vão para saúde. O restante ainda será determinado, segundo a chefe da diplomacia francesa.
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Covardia
"A Rússia atua de maneira covarde e tenta semear o terror entre a população com ataques às infraestruturas civis, o que são atos de guerra", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, na abertura da conferência. A meta, insistiu, é ajudar os ucranianos a "resistir durante este inverno" às investidas da Rússia, cujo objetivo é "deixar o país na escuridão e no frio". "Temos de investir em um esforço de reconstrução", declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma mensagem gravada.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, falou aos representantes de 47 países que participaram do encontro por videoconferência. No discurso, detalhou as necessidades do país, que vão custar, de imediato, em torno de 800 milhões de euros, segundo seus cálculos.
"Precisamos de transformadores, de equipamentos para restaurar as redes de alta tensão, turbinas de gás (...) Nosso sistema de energia precisa de uma ajuda de emergência do sistema energético europeu, da importação de energia elétrica de países da União Europeia para a Ucrânia, ao menos até o fim da temporada de calefação", afirmou.
Em declarações à agência de notícias France Presse, o ministro ucraniano da Energia, Guerman Halushchenko, reforçou que suas prioridades são "equipamentos de alta tensão, como transformadores (...) porque estão entre os alvos mais visados pelos russos".
De acordo com o premiê ucraniano, a Agência Internacional de Energia Atômica (OIEA) mobilizará missões para "garantir a segurança" de cinco centrais nucleares, incluindo a de Zaporizhzhia, hoje sob ocupação do Exército russo. Denys Shmyhal disse ainda que os bombardeios russos destruíram entre 40% e 50% da rede de energia, mas que, com essa ajuda, o país "não mergulhará na escuridão".
A promessa de ajuda chega em um contexto energético "difícil", de acordo com o operador nacional ucraniano do setor, Ukrenergo. Além de o déficit de eletricidade continuar significativo, a deterioração das condições meteorológicas complica a "distribuição e o trabalho das equipes de reparo".
Ausência
A China é a grande ausente do evento, segundo uma fonte diplomática. Ao ser perguntada a esse respeito, a chanceler francesa disse que o governo de Xi Jinping não foi convidado. A reunião contou, em contrapartida, com a presença de embaixadores dos países do Golfo e da Índia, símbolo de uma solidariedade que supera as fronteiras europeias e norte-americanas.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial também estão representados, mas não são aguardados novos anúncios por parte de ambas as instituições. Mais de 700 empresas francesas, de gigantes do mercado de ações a startups do setor digital, participaram da iniciativa, voltada, principalmente, para o longo prazo, enquanto a guerra continua.
Passados quase 10 meses desde a invasão, a economia ucraniana registrou uma contração de 33%. Com os recentes ataques, estima-se que poderá se aproximar de 40%. Na segunda-feira, os líderes do G7 decidiram, em uma cúpula virtual, criar uma plataforma para coordenar a ajuda financeira à Ucrânia.
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