Crise no Peru

Presidente do Peru descarta renúncia e 'exige' que Congresso antecipe eleições

Em uma mensagem televisionada à nação, Boluarte lamentou os protestos violentos iniciados em 7 de dezembro, que já causaram 18 mortos, entre os quais há menores de idade

Correio Braziliense
postado em 17/12/2022 13:04
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A presidente do Peru, Dina Boluarte, garantiu neste sábado (17) que permanecerá no cargo e exigiu que o Congresso antecipe as eleições para encerrar a crise e os protestos que eclodiram após a destituição de seu antecessor, Pedro Castillo.

"O que se resolve com a minha renúncia? Aqui vamos permanecer, firmes, até que o Congresso resolva a antecipação das eleições [...] Exijo que se reconsidere a votação" de sexta-feira, quando o Parlamento votou contra adiantar o pleito de 2026 para 2023.

Na sexta-feira, o presidente do Congresso, José Williams, detalhou que a votação está pendente de reconsideração em uma sessão futura.

Em uma mensagem televisionada à nação, Boluarte lamentou os protestos violentos iniciados em 7 de dezembro, que já causaram 18 mortos, entre os quais há menores de idade. Em alguns casos, essas mortes ocorreram após enfrentamentos com militares, que foram autorizados a atuar na segurança pública como parte da instalação de um estado de emergência.

"Só vamos conseguir trabalhar com calma, cordialidade e diálogo sincero e aberto [...] Como vamos brigar entre nós peruanos, arruinar nossas instituições, bloquear estradas?", considerou.

A governante explicou que a presença das Forças Armadas nas ruas é para "cuidar e proteger" os cidadãos, "porque esta situação [protestos] estava ficando fora de controle" com a presença de "grupos violentos".

"Estes grupos não surgiram da noite para o dia, estavam organizados taticamente para bloquear rodovias", acrescentou.

Os manifestantes pedem a libertação do ex-presidente destituído, Pedro Castillo, a renúncia de Boluarte, o fechamento do Parlamento e eleições gerais imediatas.

Os protestos têm sido mais intensos nos Andes do sul do Peru, uma região assolada pela pobreza e com demandas sociais represadas.

Boluarte, natural de Apurímac, uma das áreas em conflito, difundiu parte de sua mensagem em quíchua, idioma falado por parte importante dos habitantes andinos do país.

As manifestações começaram depois que Castillo, um professor rural de esquerda e de origem humilde, tentou dar um autogolpe de Estado em 7 de dezembro, fechar o Congresso, intervir nos poderes públicos e governar por decreto.

Castillo foi detido em "flagrante" quando tentava chegar à embaixada do México para pedir asilo. A Justiça decidiu na quinta-feira que o ex-presidente permanecerá preso por 18 meses, até junho de 2024, enquanto é investigado por rebelião.

Interlocutores do exército explicaram neste sábado que a os "protestos radicais" diminuíram e os que continuam buscam "afetar ativos críticos" do país, mediante "ações planejadas".

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