Declarações do imposto de renda do ex-presidente dos EUA Donald Trump mostram que ele não pagou um centavo em tributos federais em 2020, quando tentou a reeleição e perdeu para Joe Biden, e tinha dinheiro investido na China, alvo de constantes ataques do republicano. Os documentos fiscais de Trump foram divulgados ontem por uma comissão do Congresso, dominada pelos democratas.
Diferentemente de seus antecessores, Trump se recusou a tornar público seus documentos fiscais - todos os presidentes e candidatos dos principais partidos, desde Richard Nixon, abriram voluntariamente seus sigilos. Antes e durante seu mandato, o republicano dizia que sua contabilidade estava "sob auditoria", o que impediria a divulgação.
Conforme as declarações, o ex-presidente pagou US$ 642 mil ( R$ 3,3 milhões) em impostos federais, em 2015, quando lançou a sua candidatura presidencial, mas apenas US$ 750 (R$ 4 mil), em 2016 e 2017, seu primeiro ano na Casa Branca. Em 2018, ele pagou perto de US$ 1 milhão (R$ 5,2 milhões), e mais de US$ 133 mil (R$ 703 mil) em 2019, mas nenhum dólar em 2020, quando perdeu a eleição para Biden.
Neste mesmo ano, Trump ignorou uma promessa de campanha de doar os cerca de US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões) de salários ao ano que recebeu da presidência. Como candidato, ele disse que "não aceitaria nenhum dólar" de seu salário.
No entanto, de acordo com os registros, em seus primeiros três anos no cargo, Trump informou que doou seu salário a cada trimestre. Em 2020, porém, seu último ano completo na Casa Branca, os documentos mostram que não houve doações para caridade.
Disputa
Os documentos divulgados ontem - que abrangem as declarações de 2015 a 2020 e só se tornaram públicos após uma longa batalha judicial - mostram que Trump manteve contas bancárias na China, Irlanda e Reino Unido, entre 2015 e 2017, já como presidente. A partir de 2018, porém, ele relatou apenas contas na Escócia e na Irlanda.
Na semana passada, a Receita foi obrigada admitir que não havia auditado os impostos de Trump durante os seus dois primeiros anos de mandato, 2017 e 2018, embora fosse obrigada a fazê-lo. O órgão disse ainda que não havia começado a analisar os dados fiscais do ex-presidente até o Congresso solicitar a informação, em 2019.
Os documentos fiscais do ex-presidente se tornaram públicos poucos dias antes de os republicanos retomarem o controle da Câmara dos Deputados e semanas após Trump iniciar outra campanha à Casa Branca.
Há pelos menos três anos, democratas no Congresso exigiam que o ex-presidente tornasse pública sua declaração de impostos federais. No final de novembro, a Suprema Corte autorizou a divulgação dos registros. No começo de dezembro, a Comissão de Meios e Recursos da Câmara dos Deputados votou pela liberação dos documentos.
"Um presidente não é um contribuinte comum. Ele tem poder e influência diferentes de qualquer outro americano. E com grande poder vem uma responsabilidade ainda maior", disse o presidente da comissão, o democrata Richard Neal.
Resposta
A divulgação dos registros fiscais foi mais um golpe contra o ex-presidente, que já se lançou pré-candidato à Casa Branca em 2024. Os republicanos reagiram enfurecidos, prometendo retaliações assim que retomarem o controle da Câmara dos Deputados, em janeiro.
Em resposta, Trump disse que a manobra democrata criou um precedente perigoso. "Isso levará a coisas horríveis para muitas pessoas. Os democratas radicais de esquerda armaram tudo. Mas lembrem-se, essa é uma via perigosa de mão dupla", disse o ex-presidente. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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