EUA-México

Imigração e drogas pautam visita de Joe Biden ao México

Em viagem inédita à fronteira sul, presidente norte-americano busca preparar terreno para aliviar a crise provocada pela entrada de estrangeiros ilegais e combater o tráfico. Hoje, ele debaterá os temas com o mexicano Andrés Manuel López Obrador

Correio Braziliense
postado em 09/01/2023 05:00
 (crédito: Jim Watson/AFP)
(crédito: Jim Watson/AFP)

A primeira visita desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2021, teve peso simbólico e ocorreu três dias depois de o governo dos Estados Unidos anunciar uma proposta para aliviar a crise migratória — seu calcanhar de Aquiles — e conter as consequências do tráfico de drogas no país. O presidente norte-americano, Joe Biden, viajou à fronteira sul com o México e inspecionou um ponto de acesso em El Paso, no Texas. Ele se reuniu com funcionários da alfândega e da imigração no posto de controle da Ponte das Américas, um complexo de prédios de inspeções e cercas que separam as duas nações. 

Os agentes e oficiais, incluindo especialistas com cães farejadores, deram a Biden uma demonstração de técnicas para revistar veículos que passam pela fronteira. De acordo com o secretário de Segurança Nacional, Alejandro Mayorkas, o presidente viu "em primeira mão... o incrível trabalho do Escritório de Alfândegas e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos". 

Biden também visitou um centro de serviço de apoio aos imigrantes, onde se reuniu com grupos religiosos e humanitários, que ajudam "migrantes que fogem da opressão e do colapso econômico" em seus respectivos países, acrescentou Mayorkas.

Cerca de 2,3 milhões de prisões e expulsões de migrantes sem documentos no ano fiscal de 2022; 108 mil mortes por overdose de drogas em 2021: migração e narcotráfico estarão no centro do encontro entre Biden e o homólogo mexicano, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, hoje, na Cidade do México. Amanhã, os líderes realizarão a Cúpula dos Líderes da América do Norte juntamente com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

"O México é particularmente relevante quando se trata de lidar com ambos os graves problemas, que se tornaram vulnerabilidades políticas para Biden", disse à agência France-Presse Michael Shifter, presidente do think tank Diálogo Interamericano.

Programa migratório

Antes de viajar para El Paso, Biden anunciou um programa migratório limitado a quatro países: Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mergulhados em profunda crise, embora o fluxo incessante afete várias nações. A entrada mensal de até 30 mil pessoas será permitida por dois anos. A medida será dificilmente um paliativo, reconhece Biden, que culpa os republicanos por bloquearem um plano mais ambicioso.

No entanto, sem um plano robusto para os refugiados, "essas novas medidas apenas colocarão os requerentes de asilo em situações perigosas", alertou a organização não governamental Comitê Internacional de Resgate.  

Fentanil

O encontro bilateral entre Biden e López Obrador também será marcado pela tragédia do fentanil, uma droga sintética 50 vezes mais potente que a heroína, cuja produção e tráfico são controlados por cartéis mexicanos com componentes químicos da China, segundo a DEA, a agência antidrogas dos EUA. Quase dois terços das 108 mil mortes por overdose nos EUA em 2021 envolveram opioides sintéticos. A quantidade de fentanil apreendida somente em 2022 seria mais do que suficiente para matar toda a população dos Estados Unidos, de acordo com a agência. Por isso, Biden busca "ampliar o intercâmbio de informações" com o México e "fortalecer a prevenção", afirmou o chefe da diplomacia dos EUA para a América Latina, Brian Nichols.

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