2ª Guerra Mundial

O mapa da 2ª Guerra que gerou corrida por tesouro nazista na Holanda

Na pequena cidade de Ommeren, no sudeste da Holanda, caçadores de tesouros de todo o país estão cavando buracos desde o fim de semana passado em busca do tesouro supostamente enterrado ali

BBC
Redação - BBC News Mundo
postado em 14/01/2023 12:53

A divulgação de um antigo mapa levou muitos holandeses a sair em busca de tesouros nazistas supostamente escondidos perto da fronteira alemã no final da Segunda Guerra Mundial.

Na pequena cidade de Ommeren, no sudeste da Holanda, caçadores de tesouros de todo o país estão cavando buracos desde o fim de semana passado em busca do tesouro supostamente enterrado ali.

Dizem que soldados alemães enterraram ao pé de três árvores quatro caixas repletas de joias, moedas e pedras preciosas.

A caça ao tesouro começou depois que o Arquivo Nacional da Holanda divulgou na semana passada o mapa do esconderijo, que tem cerca de 80 anos, com todo o arquivo do caso. O mapa rapidamente se espalhou entre os caçadores de tesouros.

"Trata-se de um mapa do tesouro autêntico, procedente dos arquivos do instituto holandês, contendo pistas de um tesouro nazista nunca encontrado, supostamente enterrado perto de Ommeren. Tentaram encontrá-lo várias vezes sem sucesso", eles escreveram ao divulgar, no início de janeiro, que os documentos poderiam ser consultados a partir de agora de forma totalmente gratuita.

Origem do suposto tesouro

Acredita-se que o "tesouro" seja proveniente de um banco em Arnhem, no leste da Holanda.

O soldado alemão Helmut Sonder declarou em 1946 que havia encontrado os pertences com três companheiros depois que uma agência bancária de Arnhem foi alvo de um ataque aéreo em 1944, que também destruiu seu caixa-forte.

O conteúdo: ouro, diamantes, joias, caixas de música, moedas. Possivelmente no valor de vários milhões de euros, suspeita o Arquivo Nacional.

Acredita-se que o tesouro valia pelo menos de 2 a 3 milhões de florins holandeses em 1945, o equivalente a cerca de US$ 18,4 milhões.

Sonder, que estava lotado em Arnhem na época, contou que ele e os colegas pegaram o tesouro e o esconderam em caixas de munição, enterrando-as posteriormente na primavera de 1945, quando os Aliados estavam prestes a libertar a cidade ocupada pelos nazistas.

A carga valiosa teria sido enterrada nas raízes de um álamo, a 70-80 cm de profundidade, nos arredores da cidade de Ommeren, a cerca de 40 km de Arnhem.

Uma pessoa tirando uma foto do mapa
SEM VAN DER WAL/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Quem quiser pode ir ao Arquivo Nacional da Holanda, em Haia, e consultar o mapa

Dúvidas dos historiadores

Várias buscas realizadas pelas autoridades holandesas em 1946 e 1947 fracassaram, segundo informou Anne-Marieke Samson, porta-voz do Arquivo Nacional holandês, à agência de notícias Reuters.

Nessa época, Sonder foi contratado para liderar as buscas, uma vez que dois de seus colegas não sobreviveram e não há vestígios do terceiro. Em 22 de junho de 1947, ele próprio cavou um buraco perto dos álamos, mas não encontrou nada além de terra.

Ele suspeitava que seu ex-primeiro-sargento havia voltado escondido e desenterrado o tesouro. Mas a busca internacional não teve sucesso.

Os especialistas do arquivo não têm certeza de quem fez o mapa, mas acreditam que foi um dos soldados alemães.

Depois que Sonder o entregou, o mapa foi para o arquivo de Beheersinstituut, com a condição de ser mantido em sigilo por vários anos para proteger os interesses financeiros dos proprietários.

Os historiadores e as autoridades duvidam que as joias estejam em Ommeren — sobretudo porque ninguém havia denunciado a perda de joias em quase 80 anos.

Foto do mapa de Ommeren
SEM VAN DER WAL/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Proibida busca com detectores de metal

Detectores de metal não podem ser usados ??por segurança, mas isso não desanima os caçadores de tesouros. E nem sequer o fato de que a paisagem agora está completamente diferente. Os três álamos, por exemplo, não estão mais lá.

A polícia já alertou que escavar e fazer buscas com detectores de metal é proibido neste município holandês. Os caçadores de tesouros poderiam se deparar com algo totalmente diferente, como bombas ou minas terrestres antigas que foram enterradas pelos alemães em Ommeren durante a Segunda Guerra Mundial.

Canadenses do Segundo Exército Britânico durante a Batalha de Arnhem em setembro de 1944, parte da operação militar aliada conhecida como Market Garden
Getty Images
Soldados durante a Batalha de Arnhem em setembro de 1944

Especialistas também lembraram que a região fica perto da linha de frente da Segunda Guerra Mundial. Por isso, a busca neste local é extremamente perigosa devido a possíveis artefatos explosivos não detonados. Além disso, a Lei de Monumentos proíbe escavações arqueológicas. Para tal, são aplicadas regras rigorosas.

Segundo um porta-voz do município, os caçadores de tesouros têm feito escavações em propriedades privadas, embora a polícia não tenha emitido multas, apenas advertências para deixarem a área.

O proprietário de um terreno privado encontrou um homem com o corpo até o peito dentro um buraco que ele mesmo cavou em busca do tesouro, segundo contou a imprensa local.

Tesouros nazistas

Não é a primeira vez que a divulgação de um novo documento desencadeia uma corrida de caçadores de tesouros para encontrar relíquias escondidas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Sabe-se que durante o conflito o exército nazista não só conseguiu apreender grandes quantidades de ouro, como também roubou uma série de obras de arte. Muitas das quais ainda não apareceram.

Estima-se que os nazistas tenham conseguido roubar cerca de 5 milhões de obras de arte, obtidas tanto de museus quanto de coleções privadas, especialmente aquelas mantidas por judeus.

Em 2020, foi divulgado um diário nazista escrito por um oficial da SS de Adolf Hitler, que havia sido mantido em sigilo por mais de 75 anos, listando até 11 lugares dentro da Polônia onde os nazistas podem ter escondido tesouros provenientes de seus saques e roubos.

O diário estava nas mãos de uma loja maçônica à qual o oficial pertencia, até ser entregue em 2019 a uma fundação polonesa como um pedido de desculpas pelo ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial.


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