Jerusalém

Governo de Israel revoga direitos de 'famílias de terroristas'

Benjamin Netanyahu havia prometido uma resposta "vigorosa" aos ataques cometidos por palestinos em Jerusalém Oriental

Agência France-Presse
postado em 29/01/2023 00:06
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O gabinete de Segurança israelense anunciou, na noite deste sábado (28/1), medidas que privam de certos direitos "famílias de terroristas", após dois ataques em Jerusalém oriental, um dos quais deixou sete mortos.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tinha prometido mais cedo uma resposta "vigorosa" aos dois ataques cometidos por palestinos em Jerusalém Oriental, parte da Cidade Santa ocupada e anexada por Israel.

Sete civis, entre eles um casal e um adolescente de 14 anos, morreram na noite de sexta-feira em um dos atentados em Neve Yaakov.

Ao final de uma reunião de urgência, na noite deste sábado, o gabinete "decidiu uma série de medidas para (...) fazer os terroristas e quem os apoiam pagar", segundo a imprensa local.

O texto anuncia a revogação dos direitos à seguridade social de "famílias de terroristas que apoiam o terrorismo" e o debate no domingo no Conselho de Ministros de um projeto de lei que revogue "cédulas israelenses" a este mesmo segmento de famílias.

Netanyahu voltou ao poder em dezembro com o apoio de partidos judeus ultraortodoxos e de extrema direita, e é provável que as medidas sejam aplicadas primeiro a palestinos com nacionalidade israelense (árabes israelenses, segundo a denominação de Israel) e a palestinos com status de residentes em Jerusalém oriental.

Os ataques ocorreram ali, no âmbito de uma espiral de violência iniciada na quinta-feira com uma incursão israelense na Cisjordânia ocupada, na qual morreram nove palestinos.

As forças de segurança israelenses foram colocadas em estado de alerta máximo, em meio aos apelos internacionais para evitar uma piora do conflito.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, viajará na semana que vem à região, onde discutirá com os dirigentes de Egito, Israel e Cisjordânia "os passos a serem seguidos para reduzir as tensões", informou o Departamento de Estado.

Neste sábado, ele prometeu "processo acelerados" de fechamento e demolição de residências de autores de atentados anti-israelenses e propôs facilitar o porte de armas de civis.

A sombra da Intifada

O último atentado ocorreu neste sábado, quando um palestino de 13 anos feriu com disparos um homem de 47 e seu filho, de 23, antes de ser "ferido e neutralizado" em um bairro nos arredores da muralha que delimita a Cidade Velha, em Jerusalém Oriental, informou a polícia.

Na sexta-feira, um palestino de 21 anos matou sete pessoas em frente a uma sinagoga em Jerusalém Oriental, antes de ser morto em uma perseguição policial.

Algumas horas antes, a polícia anunciou 42 detenções relacionadas com o ataque de sexta-feira, que coincidiu com o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Netanyahu visitou a sinagoga na sexta-feira à noite e foi recebido por dezenas de pessoas aos gritos de "morte aos árabes".

A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, afirmou em um comunicado que Israel é "plenamente responsável pela escalada perigosa".

O grupo libanês Hezbollah, um dos principais inimigos de Israel, considerou o ataque de sexta-feira "heroico" e expressou "apoio absoluto a todas as medidas adotadas pelas facções da resistência palestina".

O deputado Mickey Levy, do partido centrista Yesh Atid (oposição), advertiu que a nova onda de violência recorda a segunda Intifada, a revolta palestina de 2000 a 2005 que provocou mortes dos dois lados.

"Temos que sentar, pensar como podemos avançar e deter esta situação", disse Levy à AFP.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos dois lados que "evitem a qualquer custo uma espiral de violência". A Rússia defendeu "máxima moderação".

Algumas dezenas de milhares de pessoas protestaram na noite deste sábado em Tel Aviv contra o novo governo de Netanyahu, em um protesto menos numeroso do que os realizados nos dois fins de semana anteriores.

Israel anexou Jerusalém Oriental depois da Guerra dos Seis Dias em 1967. Os palestinos consideram a cidade como a capital do Estado que aspiram construir.

Operação na Cisjordânia, foguetes de Gaza

Israel descreveu a operação de quinta-feira de suas tropas no campo de refugiados de Jenin, norte da Cisjordânia, como uma operação "antiterrorista", contra combatentes da Jihad Islâmica.

Entre os nove mortos havia combatentes e uma mulher idosa.

A Jihad Islâmica e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, prometeram represálias e ontem dispararam foguetes contra o território israelense.

A maioria dos projéteis foi derrubada pelas defesas antiaéreas de Israel.

Na sequência, o Exército israelense realizou um bombardeio aéreo no território palestino.

Não há registro de feridos em nenhum dos dois lados, mas grupos armados palestinos prometeram novas ações.

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