Três bombeiros que atenderam homem negro espancado pela polícia são demitidos

De acordo com a chefe do Corpo de Bombeiros de Memphis, Gina Sweat, os bombeiros violaram "numerosas" políticas da empresa ao atender o chamado para socorrer Tyre

Talita de Souza

postado em 01/02/2023 17:46

(crédito: NBC News/Reprodução)

O Corpo de Bombeiros de Memphis, nos Estados Unidos, demitiu três funcionários que atenderam o chamado para socorrer Tyre Nichols. O homem negro de 29 anos foi espancado por cinco policiais por três minutos após ser parado em uma blitz e morto em decorrência de perda de sangue três dias depois, em 10 de janeiro.

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Os socorristas Robert Long e JaMichael Sandridge e a tenente Michelle Whitaker foram demitidos na segunda-feira (30/1). As informações são da Forbes. De acordo com a chefe do Corpo de Bombeiros de Memphis, Gina Sweat, os bombeiros violaram “numerosas” políticas da empresa ao atender a um chamado policial de uma “pessoa pulverizada com gás de pimenta” em 7 de janeiro.

Para Gina, os bombeiros não souberam conduzir uma avaliação adequada do quadro do homem. Conhecido por promover socorro rápido, os agentes de saúde demoraram 27 minutos para conduzir Tyre para o hospital — a tenente nem chegou a sair da ambulância para verificar o caso.

Tyre morreu três dias depois por perda de sangue, o que os promotores do estado afirmam ser resultado direto do espancamento feito pelos policiais. A demissão dos bombeiros é o mais recente desdobramento do caso que abalou os Estados Unidos e trouxe memórias amargas do ocorrido com George Floyd, em 2020, quando foi asfixiado por policiais sem motivo aparente.

Vídeos das câmeras de monitoramento anexadas nas fardas dos cinco policiais envolvidos mostram a vítima sendo abordada já com um policial com arma em punho enquanto os outros agentes gritam. Tyre é arrancado do carro em que estava e jogado ao chão. Os homens não pedem qualquer documento dele e nem o questionam sobre nada. A vítima consegue se desvencilhar e foge, mas é perseguido e capturado pelos policiais.

Em seguida, as imagens revelam, ainda, que os policiais se revezaram para atingir Tyre com chutes, socos e gás de pimenta. Os cinco policiais envolvidos no ato criminoso e violento foram demitidos em 20 de janeiro e, logo após, foram acusados de homicídio culposo — sem intenção de matar a vítima. Os agentes afirmam que Tyre foi parado na blitz por suspeita de direção imprudente, mas os vídeos não deixam claro o motivo pelo qual os agentes desconfiaram da conduta do jovem.

Os policiais faziam parte da Scorpion, uma unidade especializada que, ironicamente, tem o nome oficial de Operação de Crimes de Rua para Restaurar a Paz em Nossos Bairros. O grupo foi dissolvido no sábado (28/1) pelo chefe de polícia de Memphis, CJ Davis, que não soube explicar porque os agentes de um batalhão destinado para resolver crimes violentos estavam envolvidos em uma blitz de trânsito.

Caso mobilizou protestos e enterro de Tyre será palco de manifestações

De acordo com a Agência France-Presse, o funeral de Tyre Nichols, a ser realizado nesta quarta-feira (1º/2), terá a presença de líderes de organizações de direitos civis, políticos e familiares de outras vítimas de crimes decorrentes de violência policial.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, será uma das presenças confirmadas e mostra o compromisso do governo com a extinção da violência policial e a extinção do racismo sistêmico. Quando o caso veio à tona, o presidente Biden declarou estar “indignado e profundamente triste” com as imagens do crime.

De acordo com um porta-voz da Casa Branca, Biden planeja se reunir com membros da Coalizão Negra do Congresso americano para construir uma legislação que promova uma reforma na polícia dos EUA.

Também estará Philonise Floyd, irmão de George Floyd, asfixiado por policiais em 2020. A mãe de Breonna Taylor, Tamika Palmer, também estará no local. A jovem afro-americana também foi assassinada pela polícia em 2020, dentro do próprio apartamento, no Kentucky.